25 de Abril: A Revolução que Mudou Portugal

Por: Danielle Menezes, em Português do Brasil

No dia 25 de abril de 1974, o mundo foi testemunha de um dos momentos mais significativos da história de Portugal: o fim da ditadura mais antiga da Europa que durou 48 anos, e resistiu à onda redemocratizante do pós-Segunda Guerra. 


Fonte: MST

O evento que ficou conhecido como a Revolução dos Cravos ou a Revolução de 25 de abril carrega um renovado senso de justiça, democracia e esperança para o povo português. Hoje, 50 anos depois, a data tornou-se feriado nacional, conhecido como “dia da liberdade” e ainda é capaz de levar milhares de pessoas à rua para lembrar e celebrar com orgulho e gratidão a luta de inúmeros portugueses e portuguesas. 

Por isso, no texto de hoje, falaremos um pouco mais sobre a Revolução e os motivos pelos quais continua sendo inspiração para o País. Confira! 

Os cravos de abril: como a Revolução aconteceu

“Grândola, Vila Morena
 Terra da fraternidade
O povo é que mais ordena
Dentro de ti, ó cidade”
Canção de José Afonso

A Revolução dos Cravos foi um movimento militar liderado pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) que culminou na queda do regime ditatorial do Estado Novo, liderado por António de Oliveira Salazar e, posteriormente, Marcelo Caetano (1968). Durante décadas, Portugal viveu sob um regime autoritário que reprimia a liberdade de expressão, limitava os direitos políticos e econômicos e mantinha uma política colonialista opressiva em suas colônias africanas. O país estava mergulhado em um clima de repressão e estagnação.

Assim, na madrugada de 25 de abril de 1974, “Grândola, Vila Morena” , composição de José Afonso, serviu como aviso aos jovens militares do MFA que havia chegado a hora de derrubar a ditadura. Diversos locais estratégicos do país foram ocupados e ao nascer do dia, as ruas estavam inundadas por uma multidão que clamava por liberdade e democracia. O movimento foi marcado pela ausência de violência, com os soldados oferecendo cravos vermelhos aos civis, simbolizando a paz. Daí o nome “Revolução dos Cravos”.


Fonte: BBC

Marcello Caetano foi pego totalmente de surpresa e, acuado, renunciou ao cargo por telefone tendo se exilado no Rio de Janeiro até o fim da sua vida, em outubro de 1980. 

Fonte: Toda Matéria

O que mudou depois de 1974

A Revolução dos Cravos não apenas derrubou um regime opressivo, mas também abriu as portas para uma nova era de democracia e progresso em Portugal. Após a queda do Estado Novo, o país passou por um período de transição para a democracia, marcado pela realização de eleições livres e pela elaboração de uma nova Constituição, promulgada em 1976.

Assim, foram estabelecidos os princípios fundamentais da democracia portuguesa, garantindo direitos individuais, liberdade de expressão e igualdade perante a lei. Houve também avanços significativos na área dos direitos humanos, com a abolição da pena de morte e a promoção da igualdade de gênero e dos direitos LGBTQIAPN+.

Além disso, a abertura democrática teve um impacto profundo na sociedade portuguesa, promovendo uma série de transformações sociais e culturais. O país passou por um processo de descolonização, concedendo independência às suas antigas colônias africanas e promovendo uma política de cooperação e solidariedade entre eles. A de Guiné-Bissau foi reconhecida por Portugal em setembro de 1974; a de Moçambique, em junho de 1975 e Angola em novembro de 1975.

Em relação à abertura cultural, o historiador Rodrigo Pezzonia nos conta que a sociedade portuguesa passou a ter muito mais acesso à música, teatro, cinema e toda a diversidade artística que eram, até então, censuradas. Foi nesse mesmo período que a primeira telenovela brasileira aportou no país “Gabriela, Cravo e Canela”, obra do escritor Jorge Amado. 

Por outro lado, a Revolução dos Cravos inspirava pessoas no mundo todo. Chico Buarque, importante cantor e compositor brasileiro, chegou a escrever uma canção de homenagem, que foi censurada no Brasil e veiculada apenas em Portugal.

Fonte: Centro de estudos das literaturas e culturas de língua portuguesa – fflch

A importância de lembrar

Além de ser uma fonte de orgulho nacional, o 25 de abril também serve como um lembrete das responsabilidades e desafios que acompanham a democracia. É importante reconhecer que a liberdade e a democracia são conquistas frágeis, que exigem vigilância e engajamento contínuos. A data é, portanto, uma oportunidade para refletir sobre o progresso alcançado e os desafios que ainda enfrentamos como sociedade, renovando nosso compromisso com os ideais de liberdade, igualdade e justiça para todas as pessoas.

Em suma, o 25 de abril é muito mais do que uma simples data no calendário português; é um símbolo de resistência, esperança e renovação. É uma lembrança poderosa do poder do povo para promover mudanças positivas e construir um futuro melhor para as gerações futuras. Que possamos continuar a honrar o legado da Revolução dos Cravos, celebrando a liberdade e defendendo os valores democráticos que tornam Portugal uma nação verdadeiramente especial.

A existência da Cooperativa RPCI e de todas as ações desenvolvidas por sua equipe e parceiros só é possível porque o 25 de abril aconteceu. Somos guiadas pelos princípios da democracia, diversidade e inclusão e para quem quiser acompanhar mais sobre o nosso trabalho basta acessar o nosso Instagram, Facebook, LinkedIn e o podcast Portugal Plural. 

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