Loures recebe formação em metodologias participativas

O município de Loures recebeu uma formação em metodologias participativas no âmbito do seu Plano Municipal de Integração de Pessoas Migrantes.

A cooperativa RPCI participa desde finais de 2022 no projeto DiverCities (European Cities for Diversity & Participation, financiado pela Comissão Europeia CERV-2022-Citizens-CIV), coordenado pela Rede Italiana de Cidades Interculturais (ICEI) em parceria com a Rede Espanhola (RECI) envolvendo as cidades de Loures (Portugal), Modena, Pontedera e Montesilvano (Itália), Logroño, Castelló de la Plana e Zaragoza (espanha) e Ionannina (Grécia).

Este projeto pretende promover abordagens “bottom-up” que favoreçam a participação cidadã na elaboração de políticas de interculturalidade das cidades europeias, tendo começado em Novembro de 2022 e terminando em Junho de 2024. Tem por objetivos potenciar comunidades de práticas entre cidades, promover processos participativos nas 8 cidades parceiras e a partilha de conhecimentos bem como a sensibilização pública para a Interculturalidade e Diversidade. 

Após uma reunião de arranque do projeto em Pontedera nos passados dias 25 e 26 de Março, onde as entidades parceiras debateram conceitos e receberam formação sobre o tópico das metodologias participativas, nomeadamente a metodologia de Assembleias Interculturais, seguem-se agora as ações a nível nacional, diferentes em cada país consoante as necessidades.  

Em Portugal a cidade de Loures tem por intenção incluir metodologias participativas na avaliação do Plano Municipal de Integração de Migrantes findo em 2022 e na elaboração do próximo plano até ao final deste ano. De forma a garantir a capacidade técnica para este desafio, foi elaborada uma formação à medida em Metodologias Participativas, intitulada “Porque é que as pessoas não participam?”.

A formação, com duração de 6 horas, foi facilitada por Sérgio Xavier e Carla Calado, e contou com 17 participantes, profissionais da Câmara Municipal de Loures e das freguesias do município. Iniciou por um debate acerca dos motivos para a não participação, incluiu várias dinâmicas de grupo e culminou em sessões paralelas com enfoque em metodologias específicas. As pessoas participantes puderam explorar as metodologias na prática, esclarecer questões e encontrar formas de ultrapassar barreiras e receios para uma via mais participada de implementação das políticas públicas de migração. 

Como avaliação, obtivemos excelente feedback, nomeadamente:

“…as informações foram igualmente bem transmitidas e as ideias conceptuais apreendidas. Foco essencialmente a importância da atenção atribuída aos diferentes pontos de vista, a partilha de ideias, a promoção dessa partilha e da forma como foi dinamizada.” Participante na formação, CM Loures

“Sendo um apologista das dinâmicas participativas e compreendendo que o sucesso da inclusão social e as transformações sociais dependem em muito da participação e envolvimento de todos (comunidade de acolhimento e comunidade acolhida), esta formação permitiu-me não apenas reforçar ainda mais esse entendimento como também refrescar conceitos, conhecer novas dinâmicas e clarificar alguns conceitos que serão seguramente uma mais valia para a implementação de projetos de intervenção comunitária.” Participante na formação, CM Loures

Esta formação passará a fazer parte do nosso catálogo formativo, estando disponível mediante pedido.

Para saber mais, entrem em contato connosco: geral@cidadesinterculturais.pt 

17 de Maio – Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia

Por: Mab Marques

O dia 17 de maio é comemorado ao redor do mundo, em mais de 130 países. Em 2004, essa data foi escolhida pois no mesmo dia, no ano de 1990, a Organização Mundial de Saúde decidiu desconsiderar a homossexualidade como um transtorno mental. Alguns anos mais tarde, em 2009, além da homofobia, houve a necessidade de o movimento intensificar a luta contra a violência e a discriminação contra as pessoas trans, inserindo assim a palavra transfobia à campanha, para gerar maior visibilidade à temática. Neste mesmo ano, a França foi oficialmente o primeiro país a retirar a palavra transgéneros da sua lista de doenças mentais.  A bifobia foi adicionada ao título da campanha somente em 2015. O evento acontece a nível mundial, afim de descentralizar o tema devido à grande existência de violação dos direitos que ocorrem a nível religioso, social, cultural e político.

No presente ano, a campanha traz o tema “Juntos sempre: unidos na diversidade”. Esse tema foi escolhido após uma grande pesquisa, junto às organizações LGBTQIA+, pelo mundo. O objetivo dessa campanha é conscientizar as pessoas em todo o mundo sobre a violência, a discriminação e a repressão sofrida pelas comunidades LGBTQI+. 

É importante dizer que todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos.  Este dia tem uma grande e significativa importância, no chamar a atenção das medias, autoridades, lideranças, organizações, etc., para essa luta no combate à violência, discriminação e repressão sofrida pelas pessoas LGBTQI+.

Ainda hoje, em pelo menos 37 países (apesar de o dia ser comemorado, o que já é um passo), atos do mesmo sexo ainda são considerados ilegais. Todos os dias, simplesmente por serem quem são, muitas pessoas continuam sendo vítimas e sofrendo com a violência, a discriminação, a exclusão, devido à sua orientação sexual, diversas identidades ou expressões de género e características sexuais. 

Na europa, a União Europeia no seu Plano de Ação para os Direitos Humanos e a Democracia (2020 – 2024), tem como a primeira Estratégia da Comissão Europeia para a Igualdade de Tratamento das Pessoas LGBTQ (2020 – 2025), que promove a igualdade em todas as áreas da vida, dentro e fora da UE.  

Para denunciar um crime de ódio contra pessoas LGBTQI+, há uma plataforma internacional, chamada UNI-FORM, em que a vítima pode fazer a denúncia. Essa é a primeira plataforma on-line de denúncia na União Europeia, que conecta-se diretamente com ONGs LGBTI e com as forças de segurança nacionais: UNI-FORM – Denúncia Internacional | ILGA Portugal (ilga-portugal.pt)

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#igualdade #humanidade #justiça

Consórcio do Projeto NET_IDEA reúne em Erlangen

Por: Carla Calado

Nos passados dias 27 e 28 de Abril, a RPCI esteve presente em mais uma reunião e Comunidade de Práticas Internacional do projeto NET_IDEA em Erlangen, Alemanha. 

Este projeto, iniciado em 2022 e financiado pela Comissão Europeia (CERV- Network of Towns), junta parceiros de Itália, Espanha, Portugal, Alemanha, Polónia e Suécia para criar produtos de formação sobre Competências Interculturais e fomentar a reflexão sobre estes temas junto das camadas mais jovens. Em Portugal as cidades de Vila Verde, Santa Maria da Feira e Braga fazem parte do consórcio e participam nas atividades do projeto. 

Segundo Roberto Carlos Reis, Santa Maria da Feira considera “de extrema importância a partilha de experiências ajustadas à realidade de cada País, mas que eventualmente podem e ser replicadas. Estes encontros devem de continuar!”

“Estar envolvida neste projeto, que tem como objetivo trabalhar as competências interculturais, tem me permitido perceber que a multiculturalidade é uma riqueza que torna a nossa sociedade melhor, promove a compreensão mútua e abre novas perspectivas. Ao promover a diversidade, valorizamos as diferenças e construímos sociedades mais inclusivas e mais equitativas.” Diz Alexandrina Cerqueira, do município de Vila Verde.

António Direito, acrescenta que o Município de Braga “valoriza a participação em redes colaborativas, enquanto instrumentos de partilha de boas práticas e melhoria de processos.

Numa área tão sensível como a da Integração, da Diversidade, da Igualdade e Não Discriminação, os diferentes contextos de proveniência dos vários parceiros são uma excelente base de trabalho e de aprendizagem.”

Até agora já foi criado e testado um currículo de 12 horas de formação online com cerca de 200 pessoas nos vários países (35 de Portugal), e as 16 cidades parceiras encontram-se agora a preparar atividades de sensibilização locais. Esta reunião teve por mote a avaliação da formação, cuja criação foi o principal contributo da RPCI para este projeto. A formação foi avaliada pela maioria das cidades presentes como tendo ultrapassado as expetativas, sendo o fato de ter contribuído para uma efetiva auto-reflexão das pessoas participantes o mais valorizado. 

Esta formação passará a fazer agora parte da oferta formativa da RPCI.

Para mais informações contate-nos para: geral@cidadesinterculturais.pt 

Hoje assinalamos um dia muito importante…

Por: João Almeida

Dia 24 de março, este ano uma sexta-feira, é o Dia Internacional pelo Direito à Verdade sobre as Violações dos Direitos Humanos e Dignidade das Vítimas. É um direito a ser reclamado e internacionalmente reconhecido a familiares de pessoas executadas sumariamente, desaparecidas, crianças raptadas ou tortura. A data para assinalar este dia foi escolhida pela Assembleia Geral das Nações Unidas a 21 de dezembro de 2010. Presta homenagem a monsenhor Óscar Romero, arcebispo de El Salvador, assassinado a 24 de março de 1980, por denunciar violações de direitos humanos.

São três os objetivos da comemoração de um Dia Internacional pelo Direito à Verdade sobre as Violações dos Direitos Humanos e Dignidade das Vítimas:

– Honrar a memória das vítimas de brutais e sistemáticas violações de direitos humanos e promover o direito à verdade e à justiça;

– Prestar tributo a todas e todos que dedicaram e perderam as suas vidas a defender e promover direitos humanos;

– Reconhecer, em particular, o valor do trabalho de Óscar Romero, na defesa dos direitos humanos das pessoas mais pobres, na promoção da dignidade humana e na oposição a todas as formas de violência.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, lembrou que o «reconhecimento, justiça e prevenção só podem começar com a descoberta e o reconhecimento dos factos». Um começo que pode levar à conclusão de que não basta punir os responsáveis diretos por situações de violação de direitos humanos, mas é preciso também averiguar se os processos de violação dos direitos humanos não têm na sua origem problemas sociais e não exigem também soluções políticas, além das que respeitam estritamente à justiça. Nas palavras de António Guterres, «uma prestação pública de contas de verdade sobre graves abusos dos direitos humanos permite que as sociedades abordem as suas causas subjacentes». 

A valorização do direito à verdade sobre as violações de direitos humanos e dignidade das vítimas resultou de um trabalho de vários anos nas Nações Unidas, antes da escolha oficial de uma data para comemorar este direito. Um estudo do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos definiu em 2006 o direito atualmente assinalado a 24 de março como inalienável e autónomo. Em 2009 um segundo relatório identificou as melhores práticas para assegurar este direito, relativas à organização de arquivos que preservem a memória dos abusos e a programas de proteção de testemunhas.

Nas origens do trabalho das Nações Unidas que levou ao reconhecimento internacional do direito à verdade sobre as violações de direitos humanos e dignidade das vítimas estão, no início da década de 1990, os trabalhos da Comissão para a Verdade em El Salvador, constituída com base nos Acordos do México de 27 de abril de 1991, para investigar os crimes ocorridos em El Salvador no início da década de 1980. No relatório de 15 de março de 1993, a comissão apresentou publicamente a documentação relativa ao assassinato de Óscar Romero por «esquadrões da morte», enquanto celebrava missa, em 1980.

Justificando, em termos incisivo, a importância do direito comemorado a 24 de março de cada ano, António Guterres declarou: «The truth is an empowering and healing force. We embrace it for the past, the present and the future».

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#verdade #humanidade #justiça

A RPCI dá as boas-vindas a Paranhos!

É com muito orgulho e prazer que recebemos mais uma autarquia membro na rede – desta vez, uma freguesia!

A Freguesia de Paranhos, uma das maiores freguesias do Porto, anunciou recentemente a sua adesão à Rede Portuguesa de Cidades Culturais, nomeadamente para dar continuidade aos esforços para promover direitos iguais e a igualdade de oportunidades.

Paranhos, conta com 4 5 833 habitantes, tendo-se tornado uma referência no que diz respeito a áreas como a Educação, Investigação e Desenvolvimento já que alberga um dos maiores campos universitários da Europa.

Paranhos acolhe várias comunidades dos cinco continentes, representando 12% de todas as pessoas residentes, a grande maioria oriunda da América do Sul e África.

Nos últimos anos, a freguesia de Paranhos tem colocado a integração de pessoas migrantes no topo das prioridades, tendo feito vários esforços para promover direitos iguais e a igualdade de oportunidades, assim como para o reconhecimento do potencial humano, cultural e empreendedor de todas as pessoas que escolhem a freguesia para viver. Paranhos pretende criar uma comunidade inclusiva e coesa que valoriza a importância e a riqueza da diversidade cultural.

Um bom exemplo disso é o Hub Porto, um espaço de co-working que promove o empreendedorismo há cerca de 7 anos facilitando o networking entre pessoas empreendedoras de todas as nacionalidades e identidades

Damos os parabéns a Paranhos por esta iniciativa e compromisso!

Podem consultar o website da freguesia de Paranhos e seguir as suas redes sociais:

Facebook: https://www.facebook.com/FreguesiaParanhos/

Instagram: https://www.instagram.com/freguesia.paranhos/?hl=en

YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=9bqUUt2XvTA

Aproveite para conhecer todas as cidades da RPCI, aqui:

https://cidadesinterculturais.pt/cidades-aderentes-2/

Meta: Discriminação Zero!

Por: Carla Calado

A dia 1 de Março comemora-se o Dia Internacional da Discriminação Zero, o que significa e porquê celebrar esta data?

Esta data foi lançada pelo então diretor executivo da ONUSIDA, Michel Sidibé, a 27 de fevereiro de 2014, em Pequim. O objetivo é recordar que devemos salvaguardar o direito inalienável de todas as pessoas a serem protegidas contra a discriminação com base na sua origem, orientação sexual, religião, idade, estado de saúde, capacidade física, etnia, identidade de género e todas as outras caraterísticas que façam parte da sua identidade.

Celebra-se este dia porque, no Mundo, ainda persistem muitos episódios de discriminação, levadas a cabo de forma mais direta ou indireta, consciente ou inconsciente em todas as sociedades. Portugal não é exceção.

A discriminação afeta profundamente a vida das pessoas, principalmente das que a experienciam de forma continuada e em diversas esferas da sua vida. Pode levar a distanciamento social, escolar e profissional, baixa auto-estima, depressão e isolamento e ajuda a perpetuar ciclos de exclusão muitas vezes afetando várias gerações de uma mesma família, impedindo a ascensão social e tornado a qualidade de vida mais difícil de alcançar do que para quem não tem as mesmas experiências, ou não as tem de forma continuada. 

Embora com registo de poucas queixas formais (existiram, em 2021, cerca de 408 queixas formais de discriminação), persistem milhares de relatos diários não reportados formalmente em Portugal, como podemos verificar por estes relatórios da Associação Casa do Brasil de Lisboa: Projeto MigraMyths.

O que é a discriminação?

A discriminação acontece, segundo a lei 93/2017 de 23 de agosto, quando alguém encontra barreiras a exercer os seus direitos e deveres de cidadania por algum dos motivos descritos acima. No entanto, esta descrição é suficientemente vaga para nos deixar com diversas dúvidas. Onde se desenha a fronteira? Como saber se estamos a ser alvo de discriminação? E o que fazer se assim for?  

Como identificar a discriminação?

Pode não ser fácil identificar situações de discriminação pois estas nem sempre se apresentam com contornos muito definidos. Na maioria dos casos, a discriminação aparece em forma de micro-discriminações ou micro-mensagens – pequenas diferenças de tratamento que têm por base preconceitos e estereótipos inconscientes. Por si, podem não impedir alguém de aceder aos seus direitos diretamente, mas acabam por ter esse efeito a longo termo ou de forma mais indireta. Por vezes, mesmo os comentários ditos como “elogios” podem ser considerados discriminação, por exemplo em situações de assédio, bullying, mobbing ou humor desajustado por parte de uma chefia. 

Por outro lado, infelizmente, certas pessoas sofreram tantos episódios de discriminação ao longo da sua vida que passaram a tomá-las como a “norma” e poderão relativizá-las. Poderá ser mais fácil, por vezes, para uma pessoa que assiste à situação do que para a que está envolvida na mesma reconhecer e validar esta experiência.

A discriminação é feita também destas pequenas grandes coisas do dia-a-dia, mas tal pode ser sintoma de discriminação sistémica (quando o sistema  foi pensado por uma maioria e organiza-se de forma a responder às suas necessidades, deixando grupos minoritários em situação permanente de desvantagem) ou institucional (quando as regras de uma determinada organização potenciam desigualdades reiteradas para determinadas pessoas).  

Possíveis situações de discriminação:

Uma pessoa está a ser tratada de forma diferente das restantes, devido a alguma caraterística que a diferencia (por exemplo, ser tratado de forma mais informal devido à idade ou a cor de pele, receber menos por ser mulher, ser alvo de comentários depreciativos por ser de uma determinada origem, etc.)

Uma pessoa (ou os seus grupos de pertença) sente-se alvo de reiteradas piadas, comentários jocosos ou pouco simpáticos

Uma pessoa é deixada de parte em situações de convívio ou no trabalho 

Há uma atitude de desconfiança ou distanciamento porque se perceciona que a pessoa pertence a um determinado “grupo” (por exemplo, é de uma determinada religião ou etnia)

Num determinado contexto, várias pessoas relatam que não se sentem confortáveis para falar abertamente das suas identidades e pertenças (por exemplo da sua religião, etnia ou orientação sexual)

As regras ou condições existentes impedem certas pessoas de obter o mesmo sucesso com a mesma quantidade de esforço. Por exemplo: ter boas notas, realizar o seu trabalho com qualidade ou progredir na carreira (por exemplo quando a cultura de trabalho impede quem não consiga trabalhar fora de horas de conseguir atingir os objetivos ou quando o sistema de saúde não tem intérpretes que permitam atende com a mesma qualidade pessoas de diferentes origens)

O que fazer caso me relatem uma situação de discriminação?

Acima de tudo: OUVIR

Evite relativizar, julgar ou questionar a experiência que lhe está a ser relatada. Assuma que o que a pessoa está a relatar é a sua experiência vivida e que, se percecionou a existência de discriminação, a situação provavelmente terá alguns fatores discriminatórios (mesmo que sem provas irrefutáveis e mesmo que a pessoa que lhe relata a situação não tenha agido ou reagido da forma que acha melhor na situação – isso no momento não é o mais importante). Simplesmente escute e faça apenas perguntas abertas e exploratórias caso necessário (por exemplo se já aconteceu noutras ocasiões, se disse ou fez alguma coisa mais, etc.). Não tente justificar o que aconteceu, nem apaziguar a situação e muito menos culpabilizar a pessoa que lhe relata a situação. Mostre empatia, admita que não sabe o que é “estar nos seus sapatos”, reconhecendo o direito da pessoa de se sentir triste, zangada, revoltada, angustiada, etc. e ajudando-a a fazer o mesmo. 

A discriminação deve ser levada a sério! Caso contrário está a proporcionar à pessoa um segundo trauma e a contribuir para a perpetuação da discriminação ao comunicar-lhe que não vale a pena falar sobre a sua experiência porque ninguém vai compreender. 

Informe a pessoa de como poderá levar a situação às instâncias próprias e ofereça ajuda para reportar uma queixa, caso a pessoa assim deseje ou se justifique, mas não force a situação. Apenas a pessoa pode decidir se o quer fazer e como o quer fazer. 

O que fazer caso seja alvo ou presencie uma situação de discriminação?

Em determinadas situações da nossa vida poderemos ser alvo de situações discriminatórias. Do mesmo modo podemos exercer discriminação sobre outras pessoas, dependendo das nossas posições de poder (seja o poder parental, patronal, relativo à idade ou ao fato de pertencer a uma maioria). Não conseguimos dividir as pessoas em “discriminadoras” ou “discriminadas” (embora algumas pessoas estejam sujeitas a mais episódios de discriminação regular do que outras), pelo que a primeira coisa que cada pessoa deverá fazer é pensar em si própria e analisar os seus preconceitos e estereótipos conscientes e menos conscientes que podem estar a ter um papel nesta situação– todas as pessoas os têm! Tente evitar cair em julgamentos, assunções e interpretações das situações e mantenha-se o mais objetivo possível, principalmente quando estiver em situações de interação que podem trazer algum desconforto para si. 

No momento:

Tente falar da forma mais objetiva possível e evite entrar em debates de opinião, fazer interpretações ou fazer acusações e julgamentos imediatos. Centre-se no exercício dos direitos em causa e tente perceber as razões para o que lhe está a ser negado ou dificultado antes de aferir que se trata de uma situação de discriminação. Tome notas e peça acesso às informações necessárias para compreender a situação (legislação, regulamentos, etc.), se necessário, peça para falar com a gerência. Se lhe for negado acesso a mais informações ou alegado não o podem fazer no momento, tente perceber quando e com quem isso poderá ser feito. 

Lembre-se – a pessoa à sua frente pode ter outras razões para a sua postura ou pode não ter consciência de que está a ter uma atitude discriminatória. Acusá-la de tal poderá não surtir o efeito desejado e não ajudará a compreender melhor o que está a acontecer. Caso se verifique que a discriminação está a acontecer, existem procedimentos e locais próprios para avançar com tal queixa.

Atenção: caso sinta que não está em segurança ou que a situação irá escalar, deverá abandonar a situação o mais depressa possível, aproximar-se de possíveis testemunhas e dirigir-se a alguém de confiança para relatar a situação. Nem todas as situações são passíveis de resolver pelo diálogo no imediato, é preciso saber avaliar quando tal é possível ou contraproducente, a sua segurança e a de todas as pessoas presentes é o mais importante. Não sinta pressão para ter de resolver a situação de que é alvo se estiver a sentir-se incapaz, reconheça o seu direito a tal! 

Se for uma testemunha de alguma situação discriminatória, poderá estar numa posição privilegiada para intervir e apoiar no diálogo quando tal é possível, ou ajudar a proteger a pessoa que possa estar em perigo, levando-a para onde esteja em segurança. A passividade perante a discriminação ajuda a perpetuar este tipo de situação. 

Lembre-se – podem existir preconceitos de ambas as partes, mas uma das pessoas certamente estará numa posição de poder e, como tal, tem a responsabilidade acrescida de agir de forma o mais profissional possível e garantir que permite o total acesso ao serviço, prestando informações completas e de forma isenta a todas as pessoas. Poderá ser preciso chamar esta pessoa à parte a ajudá-la a tomar consciência do que está a acontecer de forma assertiva.

Após a situação:

Quando todas as pessoas se encontrarem em segurança, importa reportar a situação de discriminação. Será levada a cabo uma investigação da situação e, caso se comprove a existência de discriminação, poderá ser iniciado um processo de contraordenação. Nem todas as situações darão origem a tal, devido a falta de provas, dúvidas sobre os acontecimentos e outras questões, mas mesmo que assim seja é importante reportar para que tenhamos uma imagem real da discriminação em Portugal. O número e tipo de queixas irão motivar um conhecimento mais aprofundado da discriminação e essa análise, quando revelar certos padrões, poderá estar na base de novas políticas públicas e medidas do governo. Se não houver denúncias não existem registos nem evidências da necessidade destas novas políticas. Será como se elas não existissem. 

Em Portugal existem entidades responsáveis por atender e analisar as queixas de discriminação. Nos links abaixo poderá consultar os procedimentos para fazer a sua denúncia:

Os serviços públicos e privados têm obrigação de proporcionar experiências inclusivas a todas as pessoas que os procuram, como tal, qualquer pessoa responsável pelo atendimento ao público deverá, idealmente, ter oportunidades formativas para desenvolver o seu autoconhecimento e reflexão sobre práticas eventualmente discriminatórias. Este ano, no orçamento de estado, foi alocada uma importante verba para formação em direitos humanos, o que esperamos ser um avanço no aumento de serviços verdadeiramente inclusivos. 

Recursos úteis (gratuitos):

Curso “Competências Interculturais” – Alto Comissariado Migrações e INA

Curso “Diversidade e Inclusão” (Fundação Aga Khan Portugal)

Faz parte da equipa de um município ou autarquia local? Sabia que pode aderir gratuitamente à RPCI – Rede Portuguesa de Cidades Interculturais e passar a fazer parte de uma comunidade que aprende entre pares e desenvolve competências para a interculturalidade? 

A cooperativa RPCI dispõe ainda de uma oferta formativa neste campo, entre em contato connosco para mais informações: geral@cidadesinterculturais.pt

Estamos de parabéns… a dobrar!

Em 2022 a Rede Portuguesa de Cidades Interculturais comemorou 10 anos de existência. E, em maio de 2022, a Cooperativa Rede Portuguesa das Cidades Interculturais completou o seu primeiro aniversário!

Conheça a nossa história!

10 anos de promoção da interculturalidade nos municípios portugueses

A Rede Portuguesa das Cidades Interculturais faz parte do Programa Internacional das Cidades Interculturais, promovido pelo Conselho da Europa. Em 2011, foi lançado o repto a Portugal, tendo as cidades de Lisboa e Amadora respondido ao desafio. Em 2012 é fundada oficialmente a Rede Portuguesa. Dez anos depois, já 16 cidades fazem parte da Rede. Estas cidades reúnem anualmente, em média quatro vezes, para refletir e decidir os temas prioritários a trabalhar em cada ano, partilhar práticas, experiências e recursos. 

Todos os anos é desenvolvido um projeto em conjunto com apoio do Conselho da Europa, de acordo com as prioridades definidas. Estes projetos promovem atividades e produzem recursos relevantes para o desenvolvimento de políticas públicas mais inclusivas e interculturais. Ainda, as cidades podem formar consórcios e promover projetos intercidades em tópicos que reúnam o interesse de dois ou mais municípios, obtendo uma bolsa do Conselho da Europa para a sua execução. 

Como aderir à Rede?

Aderir à Rede Portuguesa é muito simples, rápido e gratuito – basta enviar um e-mail para geral@cidadesinterculturais.pt e daremos todas as instruções! De seguida, será necessário enviar um ofício que descreva esta intenção (em inglês) e algumas informações sobre o município para o Conselho da Europa. Após toda a informação ter sido recebida, será assinado um acordo e um e-mail do Conselho da Europa será então recebido para formalizar a adesão.

O que significa ser um município aderente?

Fazer parte da rede portuguesa significa:

  1. Participar nas reuniões anuais (máximo 5 por ano) e ter acesso a momentos de partilha de práticas com outras cidades
  2. Participar nas atividades promovidas pela Rede (eventos, formações, workshops, etc.) e desenvolver competências e conhecimentos relevantes
  3. Preencher o INDEX (uma ferramenta de auto-diagnóstico) pelo menos de 4 em 4 anos, que será analisado por peritos/as que enviarão um relatório de avaliação com recomendações
  4. Participar em campanhas de comunicação globais, no dia das pessoas migrantes e no dia das pessoas refugiadas
  5. Ver as suas práticas interculturais inspiradoras reconhecidas e partilhadas no site do Programa Internacional das Cidades Interculturais
  6. Aceder a eventos e produtos do Programa Internacional das Cidades Interculturais, aumentando os seus recursos  para a interculturalidade e potenciando a partilha de práticas com mais de 150 municípios em todo o Mundo

Conheça a Cooperativa RPCI 

A Cooperativa Rede Portuguesa das Cidades Interculturais surgiu em 2021 com o objetivo de dar suporte às atividades da Rede Portuguesa das Cidades Interculturais e permitir ampliar a ação da Rede com mais projetos e recursos como, por exemplo, apoiando consórcios de cidades ao coordenar projetos intercidades que desejem promover ou através de fundos europeus.

A missão da Cooperativa é atuar com mais autonomia e oferecer serviços às cidades portuguesas e outras Organizações sediadas no país que tenham interesse em ampliar a interculturalidade e tornar os seus ambientes mais diversos e inclusivos. 

Descubra os nossos projetos 

Apesar do nosso pouco tempo de existência, finalizámos o primeiro ano com muitas parcerias estabelecidas e atividades desenvolvidas.

2021- Inclusion Influencers (projeto anual RPCI)

Este projeto surgiu da vontade de algumas cidades em abordar e trabalhar alguns dos desafios identificados nos territórios. 

Foi financiado pelo Conselho da Europa e levado a cabo pela RPCI  tendo contado com o apoio mais próximo de três cidades: Albufeira, Viseu e Cascais. Resultou na criação de ferramentas e um kit de atividades para trabalhar a interculturalidade e a não-discriminação junto de crianças e jovens. As ferramentas estão a ser divulgadas essencialmente através das redes sociais, nomeadamente, com a ajuda de influencers. 

2021 – Recrutamento Inclusivo (projeto intercidades)

Este projeto foi uma iniciativa das Câmaras Municipais da Amadora, Loures e Oeiras e financiado pelo Conselho da Europa. Teve como objetivo o desenvolvimento de ações (webinar) e ferramentas (guias digitais e impressos) capazes de auxiliar a construção de um mercado de trabalho português mais aberto a profissionais migrantes.

2022 – Género e interculturalidade (projeto anual)

Este projeto resulta da priorização deste tema por parte das cidades da Rede. Contou com o apoio mais próximo das cidades de Lisboa, Oeiras e Vila Verde. O seu objetivo foi promover a reflexão e o debate sobre género e as suas interseccionalidades, de modo a inspirar a construção de políticas públicas mais interculturais e inclusivas, fazendo a ponte entre os Planos Municipais de Integração de Pessoas Migrantes e os Planos para a Igualdade. O projeto consistiu na realização de um momento de partilha de práticas entre as cidades RPCI, três webinars (sobre Saúde, Comunicação e Educação) com convidadas de diversas origens, profissões e percursos, que nos trouxeram muitas reflexões e recomendações. Estas foram compiladas num vídeo e num guia prático, disponíveis em inglês e português. Foram ainda entrevistadas 3 mulheres para o nosso canal de podcast.

2022 – Redes para a Empregabilidade (projeto intercidades)

Este projeto foi uma iniciativa das cidades de Loures e Lisboa e teve por objetivo a partilha de práticas de empregabilidade em rede que beneficiem a integração profissional de talento Intercultural. Para o efeito foi promovido um momento de partilha de práticas entre as cidades RPCI, um diagnóstico de necessidades e recursos em Loures, um evento final intitulado: “Talento Intercultural: Empregabilidade e Retenção de Talentos através de redes de colaboração entre empresas, municípios e 3º setor ”e uma formação em “Como criar uma rede de empregabilidade”. As recomendações e aprendizagens deste projeto foram compiladas em três vídeos disponíveis no nosso canal de youtube em inglês e português. 

2022 – Welcome Ukrainians (projeto intercidades)

Este projeto foi uma iniciativa das cidades de Famalicão, Vila Verde e Santa Maria da Feira como forma de desenvolver recursos e potenciar a partilha de aprendizagens no acolhimento de pessoas ucranianas em Portugal. Consistiu na realização de um evento de partilha de práticas com as restantes cidades RPCI, focus-groups com pessoas ucranianas nas cidades, um evento final em Famalicão, a criação e desenvolvimento/adaptação de guias de acolhimento locais e a criação de um guia de recomendações e um vídeo com testemunhos, disponíveis em inglês e português. 

2022 – 2024 – NET IDEA (projeto europeu)

A Cooperativa RPCI integrou um consórcio composto pelas Redes de Cidades Interculturais italiana (ICEI), espanhola (RECI) e sueca, com as cidades de Lublin (Polónia) e Erlangen (Alemanha) para desenvolver uma formação em competências interculturais para profissionais dos municípios, partilhar práticas entre as 16 cidades envolvidas, desenvolver ações de sensibilização locais, envolver jovens na reflexão sobre inclusão e discriminação e promover uma campanha de comunicação internacional. Em Portugal, as cidades de Vila Verde, Braga e Santa Maria da Feira participam neste projeto.

2022 – 2024 – DIVERCITIES (projeto europeu)

A Cooperativa RPCI integrou um consórcio composto pelas Redes de Cidades Interculturais italiana (ICEI) e espanhola (RECI) para testar e potenciar a criação de Assembleias Interculturais nas cidades. Em Portugal a cidade de Loures irá receber esta iniciativa.

Podcast Portugal Plural

Com tanto a ser dito, compartilhado e debatido sobre a interculturalidade, decidimos criar o nosso próprio podcast, cujo primeiro episódio foi para o ar em janeiro de 2022. Podem aceder ao nosso canal no Spotify.

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Entrevista para a Rádio Movimento

Por: Eva Calado

A RPCI esteve, no dia 10 de janeiro de 2023, na Rádio Movimento (Mercado de Arroios, em Lisboa), representada por Eva Calado (membro da direção) e pela Mab Marques, à conversa com a Marta Ferreira.

Nesta emissão, em direto, de cerca de uma hora, tivemos a oportunidade de dar a conhecer a Rede e a Cooperativa, as nossas cidades membro e alguns dos projetos que temos desenvolvido em conjunto.

Falámos sobre a origem da Rede, a sua ligação à rede internacional, e a nossa missão e objetivos. Referimos também a importância do trabalho que fazemos com todas as camadas da população na mudança de consciências no sentido da inclusão intercultural, dando exemplos de projetos concretos como o “Inclusion influencers“, o “Recrutamento Inclusivo“, o “Welcoming Ukrainians“, o “Redes de Empregabilidade“, o “NetIdea” (sobre formação em competências interculturais, ainda em desenvolvimento), entre outros…

Não quisemos deixar de destacar algumas iniciativas inspiradoras das nossas cidades membro: Braga com a app “Braga Incoming”, Braga e Lisboa com as “Bibliotecas Humanas” (pessoas que são livros e nos contam as suas próprias histórias), Vila Verde com a formação em competências interculturais, Oeiras com o “Guia de Acesso à Saúde para Pessoas Migrantes” e Cascais com o projeto “Encontra o Mundo em Cascais” (celebrar amizades improváveis entre pessoas de origens e culturas muito diferentes).

Falámos também sobre a importância do INDEX e do nosso “Guia Passo a Passo para Cidades interculturais“.

Finalmente, deixámos os nossos contactos e o convite para que mais municípios e instituições se juntem a nós.

Assistam à entrevista aqui: Entrevista Programa (IN)…Diferenças da Rádio Movimento

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#cidadesinterculturais #inclusão #rádio

Temos um novo episódio de podcast sobre Redes de Empregabilidade!

Por: Danielle Menezes, em português brasileiro.

O projeto “Redes para a Empregabilidade” foi desenvolvido ao longo de 2022, como uma iniciativa da Cooperativa Rede Portuguesa de Cidades Interculturais, da Câmara Municipal de Lisboa e da Câmara Municipal de Loures, financiado pelo ICC – Intercultural Cities Network. O objetivo desta iniciativa é potencializar um mundo do trabalho mais inclusivo e intercultural, apoiando-se na colaboração entre entidades empregadoras portuguesas, municípios e organizações do terceiro setor.

Para tanto, desenvolvemos diversas atividades durante este ano, como reuniões intercidades para partilhar experiências e desafios e o evento “Talento Intercultural: Empregabilidade e Retenção de Talentos através de Redes de Colaboração entre Empresas, Municípios e 3º Setor”.

Para encerrar as nossas atividades com chave de ouro, recebemos em nosso podcast Portugal Plural, a Ana Mansoa, diretora executiva do Centro Padre Alves Correia (CEPAC), instituição criada em 1992 que tem como missão o apoio à pessoa imigrante em situação de vulnerabilidade na construção de um projeto de vida digna e feliz. Gosta do assunto? Preparamos este post com alguns dos assuntos levantados por nossa entrevistada, confira!

Conheça a Ana Mansoa

Ana Mansoa, atual diretora-executiva do CEPAC, afirma que a sua trajetória de vida pessoal cruza-se com a profissional. O seu pai emigrou da Guiné-Bissau para Portugal há mais de 40 anos com o objetivo de estudar e enfrentou muitas das dificuldades que ainda são conhecidas como o processo de regularização e o de acolhimento em um novo país.

Ela conta que foi com seus pais que aprendeu que a vida só faz sentido quando é partilhada, e que cresceu sabendo da importância de contribuir para a construção de uma sociedade mais acolhedora e integrativa.  

Descubra o CEPAC

O Centro Padre Alves Correia (CEPAC) é uma instituição sem fins lucrativos, criada em 1992, por iniciativa e sob a responsabilidade da Província da Congregação do Espírito Santo. A instituição desempenha a sua missão por meio da integração de diversos serviços e respostas que permitem um percurso de vida de forma autônoma, informada e empoderada. A seguir falamos sobre alguns deles, mas não deixe de conferir todas as respostas ofertadas diretamente no site da instituição. 

Atendimento e Acompanhamento Social

Qualquer pessoa elegível a este serviço será inicialmente avaliado por um assistente social, que será o seu gestor de caso, sendo que o próximo passo é a construção conjunta de um projeto de vida. Após estas etapas e com as necessidades identificadas, o CEPAC encaminha a pessoa assistida para serviços internos ou acionam os seus parceiros. 

Ana Mansoa afirma que “alguém que ingresse na Instituição terá sempre a mesma pessoa como técnico de referência durante o percurso que estiver sendo assistido”, sendo que este modelo de acompanhamento é defendido pela organização porque muitas das conquistas alcançadas só são possíveis após o estabelecimento de uma relação de confiança e partilha. 

Inserção Profissional e Formação

Ao longo dos anos o CEPAC percebeu que esta deveria ser uma das suas áreas prioritárias, por isso, investiram muito conhecimento e trabalho. É um serviço desenhado a partir da formação e capacitação das pessoas que chegam e depois uma mentoria e acompanhamento personalizados durante a procura de emprego e integração no mundo do trabalho, além de um acompanhamento paralelo às empresas. 

São desenvolvidos inúmeros projetos de sensibilização e de preparação da iniciativa privada para a recepção e acolhimento da interculturalidade nas suas entidades. 

Mercearia Sabura

Sabura em crioulo, significa “saboroso”, é um serviço desenvolvido pelo CEPAC e implementado em julho de 2022. A ideia é que ao invés de receberem cabazes, os alimentos fiquem disponíveis nas prateleiras, armários e frigoríficos da mercearia, para que cada pessoa possa ir quando quiser e escolher aquilo que preferir ou for mais necessário. 

Em julho de 2022, Ana Mansoa informou à Lusa que das 590 famílias atendidas,cerca de 470 a 475 faziam uso da resposta alimentar, em torno de 980 pessoas. A maioria são mulheres (mais de 60%), em idade ativa, entre os 30 e 50 anos, que ou não estão integradas no mundo do trabalho, ou têm trabalhos informais, ou estão integradas em projetos de formação em contexto de trabalho. 

Ouça o episódio sobre Redes de Empregabilidade

Em nosso episódio, Ana Mansoa reforça a importância da atuação em rede, salientando que o CEPAC pertence à rede de empregabilidade de Lisboa, do Vale de Alcântara e diversas outras que não atuam diretamente com os municípios e apresentam metodologias próprias, testadas e implementadas com sucesso.

Indica a capacidade de integração entre os vários interlocutores e stakeholders que trabalham com as cidades, como fundamental para uma atuação articulada que vise a troca de experiências e desafios, bem como a construção de guias e metodologias em manuais que possam ser constantemente atualizados e melhorados conforme as mudanças na sociedade e legislação. Dessa maneira, tanto os profissionais da área, quanto as pessoas que buscam auxílio, teriam acesso a informações centralizadas e fidedignas. 

A Cooperativa RPCI tem o compromisso de contribuir para a construção de um mundo do trabalho mais inclusivo e intercultural, por isso, também desenvolvemos em 2021 o projeto “Recrutamento Inclusivo” que resultou no guia para Organizações Interculturais, traduzido em vários idiomas, com o objetivo de elucidar as principais dúvidas relacionadas à contratação de pessoas migrantes. 

E se você gostou do que leu sobre Ana Mansoa e CEPAC, aproveite para conferir aqui o episódio na íntegra. 

Quer ficar por dentro de toda a programação da Cooperativa RPCI?

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