Por Danielle Menezes, em português brasileiro.
“Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo” Paulo Freire.
No mais recente episódio do Podcast Portugal Plural, Evalina Gomes Dias, fundadora e presidente da Djass – Associação de Afrodescendentes, compartilha insights sobre o Centro Sankofa, uma iniciativa que visa trazer a história e cultura africanas para as escolas de Portugal, promovendo um aprendizado mais diverso e inclusivo.
Nesta entrevista, nossa convidada aborda temas importantes como identidade cultural, representatividade e a luta contra o racismo. Acompanhe!
Sankofa: Resgatando a identidade para avançar
O conceito de Sankofa, originário dos povos Akan da África Ocidental, é representado por um pássaro voando para frente com a cabeça voltada para trás, carregando no bico um ovo – símbolo do futuro. Na tradição Akan, Sankofa significa “voltar atrás e buscar o que foi perdido”.
Imagem retirada do site Ciência Hoje das Crianças – CHC
Essa ideia norteia a missão do Centro Sankofa, que procura resgatar as raízes africanas e valorizar a identidade afrodescendente, possibilitando uma educação que reforce o senso de pertencimento e empodere crianças e jovens.
A necessidade do Projeto Centro Sankofa nas escolas
Evalina destaca que, nas escolas portuguesas, o ensino sobre a África e suas culturas ainda é superficial, perpetuando uma visão limitada e eurocêntrica. Ela alerta que essa ausência impacta a autoestima e identidade de estudantes afrodescendentes, reforçando estereótipos negativos e, em alguns casos, levando à evasão escolar.
O Centro Sankofa busca preencher essa lacuna, oferecendo uma abordagem decolonial e inclusiva que ilumina as contribuições africanas e promove a empatia e a compreensão intercultural nas escolas.
Educação e a inclusão das diversas histórias africanas
Evalina aponta a importância de incluir a história do continente africano na educação para combater o racismo. No episódio, Danielle Menezes cita o exemplo brasileiro, onde a Lei 10.639, de 2003, tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira, depois ampliada para incluir a história indígena.
Apesar de sua importância, a implementação da lei ainda enfrenta dificuldades, o que reflete uma realidade global: sem comprometimento e recursos, iniciativas como o Sankofa podem se tornar simbólicas, sem impacto concreto.
Evalina observa que é preciso reformar o sistema educacional para que realmente reflita a diversidade cultural da sociedade.
Desmistificando a visão generalizada sobre a África
Outro ponto relevante abordado é a visão simplista de que “África é um país”. Evalina relata que muitos jovens se surpreendem ao saber que o continente africano abriga 54 países e 7 territórios independentes, cada qual com línguas, culturas e tradições únicas.
Essa visão generalista, comum no Ocidente, prejudica a compreensão da diversidade africana e reforça estereótipos. Ao desmistificar essa visão, o Sankofa promove uma consciência mais profunda e respeitosa sobre a complexidade do continente africano.
A música como ferramenta educacional e cultural
A música, uma parte essencial das culturas africanas, é outra ferramenta educacional no Centro Sankofa. Evalina compartilha que o próximo encontro abordará diversos ritmos africanos incluindo o rap e ritmos angolanos, como forma de destacar as influências africanas no cenário musical global.
O projeto valoriza a música como expressão cultural e resistência, promovendo a apreciação e compreensão das tradições afrodescendentes.
Combate ao racismo por meio da educação
Uma das missões centrais do Sankofa é enfrentar o racismo diretamente em ambientes escolares. O projeto envolve tanto estudantes quanto professores e familiares, oferecendo atividades que buscam conscientizar sobre o racismo e promover uma mudança de mentalidade.
Evalina reforça que esse trabalho é essencial para a construção de uma sociedade mais justa e empática, onde todas as histórias culturais são respeitadas e representadas.
Apoio internacional e reconhecimento
O projeto ultrapassou fronteiras e foi reconhecido por uma premiação internacional dos Estados Unidos, que destacou seu papel transformador em prol da educação inclusiva e na construção de uma sociedade mais intercultural.
Próximos passos: Expansão do Sankofa
Com o atual projeto programado para encerrar em janeiro, Evalina e sua equipe já planejam expandir o Sankofa para outras escolas secundárias, visando continuar a educação antirracista e fortalecer a sensibilização sobre diversidade. Ela acredita que, ao expandir o Sankofa, será possível construir uma base sólida e garantir que as futuras gerações recebam uma educação mais inclusiva, que represente a diversidade social de Portugal.
Evalina também aproveita para reforçar que a Associação Djass está aberta para o contato de escolas que desejarem receber o projeto. O e-mail é associacao.djass@gmail.com.
Ouça o episódio e participe dessa transformação
A entrevista com Evalina Gomes Dias é um convite inspirador para refletir sobre o papel da educação na construção de uma sociedade inclusiva e empática. O Centro Sankofa vai além de ser um projeto educativo: é um movimento de valorização das identidades afrodescendentes que promove uma transformação positiva nas escolas portuguesas.
Acesse o episódio completo no Podcast Portugal Plural para explorar mais sobre o projeto e sobre como a educação pode ser uma ferramenta de inclusão e respeito à diversidade.
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