Podcast |  Uma conversa sobre mediação intercultural nas escolas

Por Danielle Menezes, em português brasileiro

No episódio mais recente do podcast Portugal Plural, Elisabete Pinto da Costa, diretora do Instituto de Mediação da Universidade Lusófona e especialista em mediação intercultural, discutiu o papel da mediação em contextos educacionais para construir uma sociedade mais inclusiva e justa.

A conversa trouxe insights importantes sobre a mediação intercultural em Portugal, abordando desafios e oportunidades para promover inclusão e respeito à diversidade. Acompanhe!

O desenvolvimento da mediação intercultural em Portugal

Elisabete começou explicando o surgimento da mediação intercultural em Portugal, que inicialmente se concentrou na integração da comunidade cigana. Com o tempo, a prática se expandiu para apoiar pessoas migrantes e em situação de refúgio, acompanhando a crescente diversidade demográfica do país. Nesse cenário, as pessoas que atuam com mediação intercultural se tornaram fundamentais para garantir que serviços públicos e políticas sociais considerem as particularidades culturais de diferentes comunidades.

A criação de uma entidade governamental para promover a mediação intercultural é um reflexo do reconhecimento do papel desses profissionais. Inspirada por modelos internacionais (anglo-saxônicos, francófonos e ibéricos), a mediação em Portugal adquiriu características próprias, adaptando-se às complexidades da sociedade portuguesa.

Mediação intercultural: Desafios e potencial transformador

Elisabete destacou a mediação como uma ferramenta para desconstruir preconceitos e estereótipos, promovendo uma comunicação autêntica. Essa abordagem permite que as partes envolvidas expressem suas perspectivas, reforçando o entendimento cultural mútuo. Segundo ela, a mediação transforma conflitos em oportunidades de aprendizado, especialmente em escolas, onde a diversidade impacta diretamente a convivência.

Mediação nas escolas: Um olhar inclusivo

Na entrevista, Elisabete enfatizou a importância da mediação intercultural em escolas onde estudantes têm origens diversas. Ela destacou como a prática ajuda não só a resolver conflitos entre estudantes, mas também facilita a comunicação entre escolas e famílias de diferentes referências culturais, promovendo um ambiente de confiança. A mediação, assim, auxilia na inclusão das famílias no processo educacional e no desenvolvimento das crianças e adolescentes.

Outro ponto abordado foi a necessidade de uma comunidade docente com competências interculturais, uma área ainda pouco contemplada na formação destes profissionais. A globalização trouxe para o espaço escolar uma diversidade que deve ser vista como oportunidade de aprendizado, fomentando o respeito e a empatia entre estudantes.

Mediação e construção de uma sociedade inclusiva

A mediação, segundo Elisabete, é essencial para criar canais de participação cidadã e diálogo, especialmente em sociedades marcadas por polarizações e conflitos de identidade. Ela defendeu que a prática precisa ser incentivada em diferentes contextos – não apenas nas escolas, mas também em locais de trabalho e em serviços públicos – para que as interações interculturais possam ser construtivas e promover a cidadania.

No entanto, Elisabete também expressou uma preocupação com o reconhecimento profissional de profissionais de mediação  intercultural. Embora a mediação esteja crescendo e a profissão seja cada vez mais demandada, ainda falta uma estrutura formal que permita a sua plena profissionalização em Portugal. 

Segundo ela, o reconhecimento oficial desta classe profissional poderia fortalecer o impacto da mediação na sociedade e criar mais oportunidades para quem deseja atuar na área.

Pós-Graduação em mediação intercultural em contexto escolar na Universidade Lusófona

Elisabete é coordenadora do programa de Pós-Graduação em Mediação Intercultural em Contexto Escolar da Universidade Lusófona e nos conta que é um programa que visa capacitar profissionais para atuar em contextos interculturais, especialmente em áreas onde há crescente diversidade, como educação, saúde, serviços sociais e comunidades locais.

A pós-graduação oferece uma formação teórica e prática, abrangendo temas como comunicação intercultural, resolução de conflitos, políticas de integração e os desafios enfrentados em sociedades multiculturais. As pessoas participantes têm acesso a ferramentas e técnicas de mediação adaptadas ao contexto português, mas também exploram modelos internacionais que inspiraram o desenvolvimento da prática em Portugal.

O programa é ideal para quem busca praticar mediação em setores públicos e privados, bem como para profissionais que desejam aprimorar suas habilidades em gestão de conflitos interculturais e na promoção de um ambiente inclusivo e respeitoso em diferentes contextos sociais.

Se você se interessou pelo assunto, acesse  aqui o episódio completo e envie para aquela sua amiga ou amigo que deve conhecer o nosso trabalho.

Para mais informações e atualizações, siga-nos em Facebook | Instagram | Linkedin Spotify Portugal Plural.

Leave a comment