Por: Danielle Menezes, em português brasileiro
No âmbito do projeto anual da RPCI, Intercultural Educators, financiado pelo Conselho da Europa (programa Intercultural Cities), as autarquias de Barcelos, Oeiras, Paranhos e Porto trabalham em conjunto para desenvolver uma abordagem intercultural e promover a sensibilização de staff municipal, docentes e estudantes para a importância do desenvolvimento de competências interculturais para a saúde das relações e dos ambientes educacionais..
Entre as ações previstas neste projeto, encontram-se três episódios de podcast: o primeiro sobre uma prática do Porto, o Clube da Interculturalidade; o segundo sobre a mediação linguística e, por fim, o terceiro sobre a experiência da REEI no desenvolvimento de competências interculturais.
Lançamos aqui o primeiro episódio: Como transformar as escolas em espaços de diálogo, cidadania e respeito mútuo? É possível criar ambientes onde a diversidade se torna parte da aprendizagem e não apenas um desafio a ser gerido? O novo episódio do podcast Portugal Plural apresenta uma experiência que se propõe responder a estas questões: o Clube da Interculturalidade, desenvolvido na Escola do Cerco, Porto.
Um espaço de encontro e diálogo
O Clube da Interculturalidade nasceu com a intenção de oferecer às crianças e jovens um espaço seguro de encontro, diálogo e aprendizagem. Mais do que uma atividade extracurricular, ele se organiza como um ambiente onde estudantes de diferentes origens e culturas podem partilhar experiências e construir coletivamente novos significados para a convivência escolar.
A professora Cristina Costa, entrevistada no episódio, acompanhou a turma que recebeu a proposta. Ela explica que o clube foi uma oportunidade de “desenvolver nas crianças algumas competências interculturais”, especialmente numa comunidade marcada por vulnerabilidades sociais e desafios de inclusão.
Estudantes são protagonistas
Um dos traços centrais do clube é o protagonismo dado às crianças e jovens estudantes. Em vez de propor temas previamente definidos, a escola lançou uma pergunta aberta: “O que vocês querem dizer aos demais adultos?”.
A resposta revelou uma preocupação clara: a violência. A partir desse ponto, todo o processo foi conduzido de forma democrática. Deu-se uma votação com boletins de voto, realizou-se a contagem e decidiu-se coletivamente qual dimensão da violência desejavam abordar.
Essa metodologia simples abriu caminho para um exercício concreto de cidadania ativa em que não apenas se refletiu sobre a realidade que cercava cada estudante, mas também permitiu dialogar, negociar e respeitar as escolhas do grupo.

A mediação intercultural como ferramenta
O episódio também traz a perspectiva de Bruno Prudêncio, mediador intercultural do município do Porto. Ele explica que o trabalho desenvolvido no clube esteve focado em promover a cidadania ativa e a interculturalidade de forma prática.
Segundo Bruno, a metodologia adotada — baseada em perguntas abertas, participação democrática e criação coletiva — permite que as crianças percebam que suas vozes têm valor e que podem intervir na realidade. Essa experiência, ainda que localizada, contribui para preparar os jovens para uma convivência mais justa e democrática.
Aprendizagens e possibilidades
O Clube da Interculturalidade demonstra que experiências de inclusão não precisam ser complexas para gerar impacto. Criar espaços de diálogo, ouvir as preocupações dos jovens e envolver os estudantes em processos de decisão são passos fundamentais para desenvolver competências interculturais.
A história do Clube da Interculturalidade foi trazida ao podcast Portugal Plural justamente por ser uma experiência inspiradora e relevante para pensar os desafios atuais da educação. Ao compartilhar essa experiência, o podcast procura ampliar o debate sobre estratégias que fortalecem a interculturalidade em contextos educativos, mostrando que há caminhos possíveis para tornar a escola um espaço mais inclusivo.
Para ouvir e acompanhar
A conversa com Cristina Costa e Bruno Prudêncio está disponível no novo episódio do Portugal Plural. O diálogo revela os bastidores, os desafios e as aprendizagens dessa prática, além de oferecer reflexões úteis para quem deseja replicar ideias semelhantes em outros contextos.
https://open.spotify.com/embed/episode/3VtMuicN3oqzbcj4t1UjUq?utm_source=generator
Para conhecer mais sobre o trabalho do mediador Bruno Prudêncio, acompanhe o perfil @espacotassociacao no Instagram.
E continue a seguir o Portugal Plural para conhecer outras histórias que mostram como a interculturalidade pode ser construída e fortalecida em diferentes espaços educativos.
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