Competências Interculturais- o projeto Ecossistemas Interculturais

Por: Eva Calado

Todos os anos reunimos com as cidades portuguesas da RPCI – Rede das Cidades Interculturais para debater acerca das questões mais prementes no que toca à interculturalidade, com vista a decidir o tema e alvo do nosso projeto anual conjunto.

Foi assim que surgiu o projeto Intercultural Ecosystems. Este projeto, financiado pelo Conselho da Europa (programa Intercultural Cities), engloba todas as 17 autarquias da rede nacional (RPCI), sendo que os municípios de Lisboa, Loures e Cascais integram a equipa de desenvolvimento e acompanhamento do mesmo.

O objetivos do projeto são: promover ecossistemas interculturais locais; fomentar a lente intercultural nos Planos e Estratégias Municipais, promovendo oportunidades de aprendizagem; fomentar as competências interculturais do pessoal do município e entidades parceiras;

No âmbito deste projeto já foram realizadas reuniões de preparação com as cidades que integram a equipa do projeto; um inquérito de levantamento dos interesses formativos das Cidades RPCI (finais de abril a 5 de maio de 2023 com 19 respostas); um encontro de partilha de práticas sobre «Desenvolvimento de Competências Interculturais» das cidades RPCI (09/05/2023); Checklist de suporte à criação de “Projetos Interculturais” traduzida para português (agora disponível na secção ferramentas), três episódios de podcast; um sobre o acesso à saúde por parte de pessoas migrantes; outro sobre a integração de pessoas ciganas em Portugal e, por fim, um sobre o acolhimento de pessoas refugiadas em Portugal; e três workshops, cujos temas refletem os resultados do inquérito, são eles: «Comunicação e interculturalidade» (30/05/2023); «Comunicação intercultural» (27/06/2023); e «Organização de Atividades Interculturais» (19/09/2023).

Está já agendada a próxima atividade do projeto: um guia de recomendações e recursos. Sigam a RPCI nas redes sociais para mais informações!

Encontro de partilha de práticas das cidades RPCI

Neste encontro participaram representantes de 7 municípios e também o projeto Enfem.

O município de Cascais partilhou informações acerca de um projeto de formação em direitos humanos que se encontra em fase de lançamento. É de sublinhar que “falar sobre Direitos Humanos em Cascais é falar em interculturalidade, pois no município residem pessoas de dezenas de nacionalidades.” 

O município de Loures partilhou, que no âmbito da sua participação no projeto DiverCities, realizou uma formação em metodologias participativas que contou com 18 participantes, profissionais da câmara e de freguesias do município. O objetivo de Loures é incluir metodologia participativas na avaliação do Plano Municipal de Integração de Migrantes, que terminou em 2022, e na elaboração do próximo plano até ao final de 2023. Reforçou que “é importante adquirir ferramentas para desconstruir muros e construir uma comunidade.”

O município de Oeiras reforçou a importância da formação em Diversidade e Inclusão (Blended Learning) que proporciona a todo o seu staff, adiantando que “compete à cultura organizacional mitigar preconceitos e estereótipos e valorizar as diferenças individuais e promover a partilha de experiências entre as pessoas”. Salientou ainda que “locais de trabalho que incluem a diversidade têm propensão para criar ambientes onde todas as pessoas estão à vontade com a sua identidade, sendo respeitadas por aquilo que são e com maior capacidade para atingirem o seu potencial”. A formação em Diversidade e Inclusão integra o plano de formação do município e tem dupla certificação, pelo município e pela Fundação Aga Khan. De seguida, expôs a estratégia para a diversidade e inclusão da Câmara de Oeiras.

O município de Vila Verde partilhou que vai proporcionar formação ao pessoal da câmara em Competências Interculturais. Esta formação de 12h (que pode ser ministrada online, em formato misto ou totalmente presencial) foi desenhada no âmbito do projeto NET-IDEA, com o objetivo de trabalhar as competências interculturais, e passou a fazer parte do plano de formação interna da Câmara Municipal. A cooperativa RPCI encontra-se disponível para reproduzir esta formação, que se ajusta a todo o tipo de profissionais de todos os setores.

Por fim, a Ana Luísa Martinho, professora do ISCAP, partilhou com as cidades RPCI o projeto europeu ENFEM, Female TCNs Integration in local Communities through Employability and Entrepreneurship Local Oriented Strategies que envolve um conjunto alargado de parceiros. A ideia é juntar esforços comuns e potenciar sinergias com foco na empregabilidade promoção de mulheres empreendedoras de diversas origens. O público-alvo do projeto são: mulheres migrantes de Países terceiros; associações e ONG de apoio à população migrante; autoridades locais, regionais e nacionais; entidades empregadoras.

No âmbito do projeto foram realizados focus group e questionários e elaborados relatórios de 10 países acerca da situação das mulheres de diversas origens e das políticas nacionais e regionais de cada país. Uma estratégia regional de integração socio laboral de mulheres migrantes e um curso de formação b-learning dirigido a mulheres migrantes foram implementados, tal como um curso de formação blended-learning dirigido a profissionais. A partilha de boas-práticas e testemunhos divulgados foi ainda disseminada através de podcasts e de um e-book, no qual a RPCI participou.

Este encontro terminou com um debate acerca do formato deste tipo de formações e se deve ou não ser obrigatória. A questão central debatida foi: são as competências para gerir a interculturalidade opcionais? Ou tão importantes como manusear o MS office por exemplo? Cabe a cada organização decidir se se tratam de competências nice-to-have ou must-have, ou ainda se se trata de uma inevitabilidade dada a composição das comunidades servidas e as exigências de um trabalho de qualidade que não reforce, ainda que inconscientemente, as desigualdades e a discriminação sistémica.

Quer ficar por dentro de toda a programação da Rede Portuguesa de Cidades Interculturais e da Cooperativa RPCI?
Siga-nos no YouTube e conheça os nossos outros canais: basta procurar por “cidadesinterculturais

#inclusão #integração #proximidade #sensibilidade #participação #cidadesinterculturais

Leave a comment