Estamos a preparar-nos para encerrar este ano, olhando para as nossas conquistas, enquanto pensamos no que está por vir…
Como temos tido a oportunidade de partilhar, 2025 certamente foi um ano fundamental para o projeto EPIC. Começámos com pesquisas comunitárias e análises “bottom-up” acerca das perspectivas das pessoas jovens sobre o futuro da UE… Em seguida, pessoas jovens ativistas de Itália, Espanha, Portugal e Hungria reuniram-se no “Youth Summit” em Budapeste, trazendo energia, insights e propostas das suas comunidades.
Antes de nos reunirmos lá, no entanto, algo igualmente impactante estava a acontecer nas comunidades locais em toda a Europa… os “Youth Camps” EPIC_IDEA – foram a base onde várias pessoas jovens se reuniram em cada país para aprender, trocar e co-criar o futuro. Em portugal aconteceu em Cascais (setembro).
Estes “Youth Camps” tornaram-se o coração do projeto…
Pessoas jovens de diferentes cidades partilharam as suas experiências e histórias;
Fornecemos formação aprofundada sobre ativismo, processos participativos e comunicação inclusiva;
As pessoas participantes projetaram ações concretas contra rumores para trabalhar com as suas comunidades locais;
As propostas lideradas pelas pessoas jovens para o futuro da Europa tomaram forma;
Aconteceram conversas reais sobre os impactos da mudança.
Da ação local ao impacto transnacional — foi assim que tudo se conectou.
Vejam as imagens para conferir o que tornou estes “Youth Camps” transformacionais e continuem a acompanhar o progresso do projeto através de #EPICYOUTH e #EPIC_Idea
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O Projeto EPIC_IDEA (Empowering Youth Participation for Inclusive and plural Communities) é promovido por uma parceria transnacional de organizações da sociedade civil trabalhando juntas para criar as condições para uma abordagem efetiva de baixo para cima na promoção da participação cidadã – em particular, de pessoas jovens – na vida democrática e cívica nos 4 países alvo: Itália, Hungria, Espanha e Portugal. A iniciativa surgiu das relações criadas no âmbito da Rede Internacional das Cidades Interculturais, um programa do Conselho da Europa, e inspira-se no trabalho realizado pelas redes Portuguesa (RPCI), Espanhola (RECI) e Italiana (ICEI), juntando um total de 69 cidades nos três países. Em Portugal conta com 3 cidades: Cascais, Santa Maria da Feira e Vila Verde e com um parceiro social: Clube Intercultural Europeu — um dos atuais projetos internacionais coordenados em Portugal pela RPCI que busca ampliar a participação da juventude e promover espaços de diálogo sobre temas que atravessam a vida nas comunidades locais.
Na organização deste episódio de podcast foi envolvida toda a comitiva portuguesa que participou no evento, que foi composta por 8 pessoas, Inês Granja, coordenadora do projeto em Portugal (RPCI), Teresa Oliveira, youth worker do Clube Intercultural Europeu, entidade nacional parceira do projeto, e duas pessoas jovens de cada cidade portuguesa envolvida, Cascais, Santa Maria da Feira e Vila Verde, selecionadas localmente pelos respectivos grupos de pessoas jovens.
O episódio sobre o Youth Summit procurou refletir sobre como este evento preparou as pessoas jovens dos 4 países do consórcio do projeto para a campanha de sensibilização antirrumores que será desenvolvida nos próximos meses, e como esta etapa do projeto foi importante para abrir espaço para reflexão sobre experiências comuns e formas de construir mensagens e ações em conjunto.
Legenda: Expectativas, motivações e o encontro entre realidades diferentes (Fotografias fornecidas pela United for Intercultural Action)
O episódio do podcast Portugal Plural, gravado durante o evento, começou por destacar as motivações para participar do Youth Summit. Muitos queriam conhecer outras realidades e entender como questões presentes em seus contextos aparecem também em outros países.
O encontro permitiu perceber pontos de convergência entre participantes com formações, línguas e trajetórias distintas. Esse aspecto apareceu em vários relatos ao longo do episódio, mostrando como o trabalho em grupo favorece trocas que aprofundaram o entendimento sobre desafios compartilhados.
Construção coletiva e temas trabalhados durante o Youth Summit
Ao longo dos três dias, as pessoas participantes foram envolvidas em atividades voltadas para análise de problemas, escuta ativa e elaboração de ideias em conjunto. As discussões giraram em torno de temas que fazem parte do cotidiano de muitas pessoas jovens europeias, como discriminação, saúde mental e tecnologia.
Essas reflexões foram essenciais para iniciar o processo de construção da futura campanha antirrumores, que exigirá clareza nas mensagens e atenção às experiências das diversas comunidades envolvidas.
Comunicação como prática central do processo formativo
A comunicação esteve no centro das atividades do encontro. Luiza, participante do Youh Summit, comentou sobre o desafio de expressar ideias e sentimentos em um idioma que não é o seu, algo também mencionado por outras pessoas entrevistadas. Mesmo assim, as trocas em inglês ocorreram de maneira fluida.
Já Teresa Oliveira trouxe a perspetiva de quem acompanhou de perto o processo. Ela observou que o grupo se manteve disponível para aprender e compartilhar experiências, o que permitiu identificar pontos de convergência entre participantes de diferentes contextos.
Teresa também ressaltou que a competência mais desenvolvida durante o Youth Summit foi a comunicação, compreendida como prática contínua de diálogo e escuta. Além disso, destacou o fortalecimento da inteligência emocional como habilidade importante para sustentar processos coletivos ao longo do projeto.
O futuro das pessoas jovens e as questões que surgem em vários países
Outro tema presente no encontro foi o futuro. Inês destacou questões que aparecem com frequência em conversas entre pessoas jovens dos quatro países, como dificuldades financeiras e a permanência prolongada na casa dos pais.
Esses temas ajudam a compreender limites e expectativas que atravessam a juventude europeia. Ao mesmo tempo, mostram como desafios estruturais aparecem de maneiras diferentes, mas impactam trajetórias de forma semelhante.
Acompanhe os próximos passos do projeto EPIC_IDEA
O Youth Summit do projeto EPIC_IDEA marcou um momento importante na construção da campanha de sensibilização que será elaborada pela juventude. As discussões, trocas e análises realizadas ao longo dos três dias seguirão como base para as etapas futuras do projeto.
A Rede Portuguesa de Cidades Interculturais marcou presença no dia 19 de novembro, no Seminário sobre Mediação Intercultural, promovido pela Câmara Municipal no Porto, na Biblioteca Municipal Almeida Garrett (Jardins do Palácio de Cristal), na cidade do Porto.
O encontro reuniu representantes do município, organizações da sociedade civil, mediadores profissionais e técnicos de políticas públicas e procurou partilhar estratégias para uma convivência mais inclusiva, mostrando as ações, os resultados e os impactos do trabalho que já é feito no Porto, num momento em que as cidades portuguesas se tornam cada vez mais plurais.
A Rede Portuguesa de Cidades Interculturais (RPCI) moderou o painel da tarde sobre diferentes Espaços de Mediação onde se destacou o trabalho que é desenvolvido na promoção da interculturalidade ao nível local, apresentando projetos de mediação que facilitam a integração de comunidades migrantes, reforçam o diálogo entre culturas e reduzem barreiras linguísticas, sociais e institucionais. Esta prática em contextos diversos permitiu partilhar experiências no âmbito da mediação linguística e escolar; Mediação na área da saúde; Mediação intercultural e inclusive teve a participação internacional de um projeto de mediação intercultural em Bradford (UK).
A Importância da Mediação Intercultural
A mediação intercultural tem vindo a assumir um papel central nas sociedades contemporâneas. Perante o crescimento da diversidade cultural — resultado de movimentos migratórios, mobilidade académica e novas dinâmicas económicas — torna-se fundamental garantir que todas as pessoas têm acesso equitativo a serviços públicos e oportunidades de participação cívica.
A mediação intercultural é um processo que facilita a comunicação, o entendimento e a cooperação entre pessoas ou grupos de diferentes origens culturais. Atua como uma ponte entre cidadãos e instituições, ajudando a resolver conflitos, esclarecer direitos e procedimentos, e promover relações sociais baseadas no respeito e na confiança mútua.
As pessoas Mediadoras apoiam cidadãos migrantes no acesso à saúde, educação, habitação, justiça e segurança social, evitando que diferenças culturais ou barreiras linguísticas criem desigualdades.
Promover encontros como este ajuda a ter uma consciência do papel da pessoa mediadora com uma abordagem ativa à diversidade: não encarar apenas como um desafio, mas como um recurso para o desenvolvimento social, económico e cultural. A mediação intercultural é, assim, um instrumento-chave para transformar a diversidade em Oportunidade.
O Seminário reforçou esta visão, mostrando que a cooperação entre pessoas mediadoras e a comunidade é essencial para construir políticas públicas mais humanas, eficazes e alinhadas com a realidade multicultural do país.
O evento terminou com um momento cultural, onde a identidade portuguesa ficou em destaque, ouvindo Fado que nos aconchegou o coração e com um Porto de honra em homenagem à bela cidade do Porto.
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Entre os meses de agosto e outubro deste ano, foram implementadas nove ações de sensibilização no âmbito do projetoIntercultural Educators.
Estas iniciativas foram conduzidas porprofissionais que concluíram aFormação em Competências Interculturais, realizada no início de julho no mesmo projeto — uma formação online de três dias (12 horas no total), centrada no desenvolvimento de competências interculturais a nível individual e organizacional. As pessoas em questão foram indicadas pelas cidades participantes e incluíam staff municipal, docentes, mediadores e representantes de associações locais da área social. A seleção orientou-se por critérios como a sua ligação às comunidades, o papel estratégico que desempenham na educação e na ação social, e a capacidade de multiplicar o impacto das aprendizagens em contextos diversos.
Estas atividades de sensibilização foram realizadas nas quatro cidades do consórcio de gestão do projeto.
Barcelos: três ações dirigidas a estudantes e docentes;
Oeiras: duas ações dirigidas a estudantes;
Paranhos: duas ações dirigidas a estudantes e docentes;
Porto: duas ações dirigidas a estudantes.
No total, envolveram 177 participantes, com idades entre os 3 e os 62 anos, incluindo crianças, pessoas jovens e pessoas adultas.
Todas as ações tiveram por base o Workshop Anti-Racista criado pela RPCI no âmbito do projeto anual de 2024, Intercultural Schools. Apesar disso, cada agente de sensibilização teve autonomia para criar a estrutura e os materiais da sua ação, com o apoio e supervisão da RPCI. As ações desenvolveram-se entre momentos teóricos e práticos, de promoção do diálogo e pensamento crítico. Foram usados recursos como vídeos e materiais destinados à expressão artística.
Ação na Creche da Fonte Coberta (Barcelos) e ação no Colégio da Nossa Sra do Perpétuo Socorro (Porto)
Em cada sessão foi recolhido feedback – incluindo das crianças mais novas, através de questionários acessíveis através de questionários acessíveis – permitindo observar o interesse e curiosidade despertados por esta temática, muitas vezes abordada pela primeira vez em contexto escolar.
O Intercultural Educators (Educadores Interculturais) é o projeto anual da RPCI, financiado pelo Conselho da Europa (programa Intercultural Cities) abrangendo as 19 autarquias da rede nacional (RPCI). Barcelos, Oeiras, JF Paranhos e Porto fazem parte do consórcio de cidades envolvidas na gestão deste projeto. O objetivo é aprofundar o trabalho de promoção de iniciativas de conscientização intercultural em ambientes educacionais; fomentar a lente intercultural em ambientes educacionais, promovendo oportunidades de aprendizagem para staff das autarquias e profissionais de ensino; desenvolver a autorreflexão e conhecimento e, finalmente, cultivar competências interculturais.
No passado dia 29 de outubro, entre as 10:00 e as 11:30 (hora de Lisboa – WET, UTC+0), aRede Portuguesa de Cidades Interculturais (RPCI) participou no seminário online “Participación de las mujeres en la gobernanza de las políticas de diversidad religiosa: perspectivas locales”, centrado na inclusão e participação das mulheres na gestão da diversidade religiosa a nível local.
Este webinar teve como objetivo sensibilizar as comunidades locais para a importância de incluir as mulheres na governação das políticas de diversidade religiosa, promovendo o seu papel ativo na definição, gestão e implementação de políticas públicas que assegurem o pluralismo, a igualdade e a inclusão.
O evento procurou reforçar as competências dos participantes para fomentar a participação das mulheres no desenho e gestão das políticas locais de diversidade religiosa, incentivar a colaboração com organizações de mulheres e desenvolver soluções eficazes para a sua aplicação prática.
O seminário estruturou-se em dois momentos:
Sessão 1:“Religião, poder e política: o papel das mulheres na gestão do pluralismo religioso” Oradora:Elizabeta Kitanovic, professora de Direitos Humanos na Faculdade de Teologia Protestante e Estudos Religiosos (FPTR).
Sessão 2:“Rede Portuguesa de Cidades Interculturais: exploração da ligação entre a interculturalidade e a diversidade religiosa na governação local” Oradora:Inês Granja, coordenadora de projetos da Rede Portuguesa de Cidades Interculturais (RPCI).
A moderação do evento esteve a cargo de Sofía Caseiro, investigadora do Instituto de Investigação Interdisciplinar da Universidade de Coimbra.
Este seminário integrou-se no âmbito do projeto de investigação internacionalReligions & Tolerance (RE&TO), cujo principal objetivo é reforçar a capacidade das autoridades locais europeias para gerir a diversidade religiosa de forma democrática, inclusiva, pluralista e integradora, através da criação de uma rede de municípios europeus dedicados à partilha de metodologias e boas práticas em matéria de governação da diversidade religiosa.
O projeto é liderado pela Federación Española de Municipios y Provincias (FEMP) e conta com a participação de diferentes organizações da sociedade civil (ver consórcio aqui). A RPCI é parceira do projeto a convite do Ius Gentium Conimbrigae (IGC), da Universidade de Coimbra, entidade responsável pela implementação do projeto em Portugal.
Na comunicação, intitulada “Portuguese Intercultural Cities Network: Exploring the Link Between Interculturality and Religious Diversity in Local Governance”, Inês Granja apresentou as formas como as cidades europeias, e em particular as portuguesas, têm vindo a contribuir para a promoção da diversidade religiosa ao nível local, assegurando o direito à liberdade religiosa. A intervenção abordou conceitos-chave da interculturalidade, apresentou a Rede Internacional e a Rede Portuguesa de Cidades Interculturais, e destacou projetos e recursos RPCI, assim como práticas das suas Cidades, centrados na governação da diversidade religiosa e participação.
Práticas das cidades portuguesas da RPCI na promoção da diversidade religiosa
As cidades portuguesas que integram a RPCI têm desenvolvido diversas práticas ique refletem o seu compromisso com a inclusão, o diálogo inter-religioso e o respeito pela diversidade religiosa. Entre estas práticas, destacam-se as seguintes ações:
Em Lisboa, o Conselho Municipal para a Interculturalidade e a Cidadania — ativo há quase duas décadas — tem promovido um espaço regular de diálogo entre o município e representantes de diversas comunidades religiosas. A cidade acolhe também iniciativas interculturais como o Festival TODOS – Caminhada de Culturas e a World Interfaith Harmony Week, que celebram a diversidade cultural e espiritual da cidade.
Em Loures, as comunidades religiosas participam na Plataforma Municipal de Acompanhamento do PMIM, reconhecendo a dimensão religiosa como parte integrante da experiência migrante. O município organiza ainda um Encontro Inter-religioso Anual e um Concerto Inter-religioso para assinalar o Dia Nacional da Liberdade Religiosa e do Diálogo Inter-religioso, promovendo o conhecimento mútuo.
Em Braga, o Conselho Municipal para os Imigrantes, Integração e Interculturalidade constitui um espaço de representação e cooperação entre a autarquia e as comunidades religiosas locais.
No Porto, a autarquia colabora em projetos académicos como a Carta das Religiões e o MIGAP, que mapeiam a diversidade religiosa e migratória na região. E na mesma cidade o Centro Cultural Islâmico promove encontros inter-religiosos regulares.
Estas experiências mostram que as autoridades locais portuguesas podem ser um exemplo de reconhecimento e valorização da diversidade religiosa, nomeadamente através da criação de estruturas participativas, do apoio a projetos, da formação de agentes locais e da promoção de estratégias comunicacionais inclusivas.
A participação da RPCI neste evento reforça o seu compromisso com a interculturalidade, a igualdade de género e a diversidade religiosa, enquanto aspetos fundamentais de uma sociedade democrática, sublinhando o papel essencial das cidades na construção de comunidades inclusivas.
👉 Para saber mais sobre o trabalho daRede Portuguesa de Cidades Interculturais e acompanhar as suas atividades, siga a RPCI nas suas redes sociais e mantenha-se atualizado sobre as iniciativas e boas práticas que promovem a interculturalidade e a coesão social em Portugal.
Já está no ar o novo episódio do podcast Portugal Plural, parte da nossa série especial “Intercultural Educators”. Esta série é uma iniciativa dedicada à construção de escolas mais justas, abertas e plurais, promovida pela Cooperativa Rede Portuguesa de Cidades Interculturais (RPCI) com o apoio do Conselho da Europa.
Nesta conversa, mergulhamos fundo no conceito e, principalmente, na prática das competências interculturais no contexto educativo português.
Para debater o tema, recebemos duas convidadas com vasta experiência na área:
Mónica Mascarenhas, da equipe técnica da Rede de Escolas para Educação Intercultural (REEI).
Joana Inácio, mediadora escolar no Agrupamento de Escolas de Agualva Mira Sintra.
O episódio foca no trabalho essencial da REEI, um programa que une escolas de todo o país. O objetivo? Formar competências interculturais e promover o sucesso educativo das novas gerações.
Conhecendo a REEI: Aprendizado colaborativo
A Rede de Escolas para a Educação Intercultural (REEI) é uma iniciativa conjunta que reúne entidades governamentais e da sociedade civil. Foi fundada pelo Alto Comissariado para as Migrações (ACM, I.P.) — atualmente a AIMA (Agência para a Integração, Migrações e Asilo) —, o Ministério da Educação (através da Direção-Geral da Educação – DGE) e a Fundação Aga Khan Portugal (AKF).
O objetivo central do programa é constituir uma rede de estabelecimentos de ensino, tanto públicos como privados, envolvida na transformação da escola, na sua organização e na sua abordagem pedagógica, visando a interculturalidade.
A finalidade da REEI é promover o acolhimento, a integração e o sucesso educativo de todas as crianças e jovens, desde a educação pré-escolar até o ensino secundário. Além disso, busca desenvolver o respeito pelas diferenças e o estabelecimento de relações positivas de interação e aproximação entre estudantes e outros membros da comunidade educativa de diferentes culturas.
Mónica Mascarenhas, da equipe técnica da rede, define a REEI como uma “rede de aprendizagem cooperada”. Esta filosofia reflete-se na forma como as escolas aderem ao programa: a participação é voluntária e acontece quando a escola decide subscrever os termos de referência da rede. A estrutura é desenhada para funcionar sem hierarquias, promovendo um ambiente onde “todos aprendem e ensinam”.
Lançada como um programa-piloto entre 2016 e 2019 com 23 membros, a REEI inaugurou um novo ciclo em 2020, ampliando substancialmente sua abrangência para 47 membros em 14 distritos.
O Valor da Rede: A experiência das escolas membro
A conversa conta também com a perspectiva de quem vive essa rede no dia a dia. Joana Inácio, do Agrupamento de Escolas de Agualva Mira Sintra (que integra a REEI desde o ano letivo 2020-2021), partilha o valor prático desta participação.
Para Joana, o maior benefício é a partilha de caminhos e a certeza de “não estarmos sozinhos”. Ela destaca que, embora cada contexto local seja diferente, os desafios da interculturalidade são transversais. A rede permite “co-construir” novas formas de entender a realidade.
Refletir sobre a ação: Os desafios da rotina escolar
Joana Inácio traz uma reflexão central sobre os desafios atuais, impulsionados pelos movimentos migratórios e sociodemográficos. Ela levanta uma questão crucial: a dificuldade de “fazer uma pausa” para refletir na ação e sobre a ação.
Os profissionais da educação, explica ela, lidam com uma enorme sobrecarga associada ao currículo, questões burocráticas e a própria falta de docentes.
Nesse contexto, Joana faz um alerta: uma escola não se torna plural “por decreto”. É um processo contínuo, que exige atenção constante às necessidades da comunidade, que estão sempre se renovando.
Educação intercultural: a importância da práxis
Mónica Mascarenhas aprofunda o conceito de competência intercultural, indo além da ideia de simplesmente conhecer as pessoas com quem interagimos. O foco deve estar na práxis – na reflexão sobre o porquê fazemos o que fazemos.
Implica, segundo Mónica, a necessidade de fazer uma grande reflexão para garantir um espaço em que seja possível ser, estar, cooperar e aprender. Antes de entender as outras pessoas, é preciso entender a nossa própria identidade e as lentes que usamos para ver o mundo.
O Futuro da da educação intercultural
Na parte final do episódio, as convidadas discutem o futuro. Joana Inácio defende que a solução para os desafios sistêmicos passa por um “diagnóstico mais participativo de todos” na construção do projeto educativo da escola. Quando isso acontece, a cultura torna-se partilhada e os valores que norteiam a ação são definidos coletivamente.
Mónica Mascarenhas conclui reforçando que o modelo “bancário” de educação (apenas transmitir conhecimento técnico) está desalinhado com o mundo atual. Ela sublinha a importância de investir nas competências socioemocionais, que, segundo as evidências, são fundamentais para o sucesso educativo e para a vida.
Esta é uma conversa essencial para quem acredita numa educação transformadora.
Ouça agora o episódio completo no Spotify e compartilhe com a sua rede!
Imagine uma escola onde, no pátio, se ouvem sotaques e idiomas de dezenas de nacionalidades diferentes. Esta é a realidade de muitas instituições de ensino em Portugal hoje, um reflexo de um mundo cada vez mais interligado.
Se por um lado essa diversidade é uma riqueza cultural imensa, por outro lado, ela apresenta desafios muito significativos. Como garantir que cada estudante, cada família, se sente verdadeiramente parte da comunidade escolar quando a barreira da língua parece intransponível?
É para responder a esta e outras questões que existem as pessoas mediadoras linguísticas e culturais. São profissionais fundamentais na construção de escolas interculturais. Este é o tema do novo episódio do nosso podcast, “Portugal Plural”, da série especial “Intercultural Educators“.
Para aprofundar o assunto, conversamos com duas mediadoras que atuam em diferentes contextos: Inês Antunes, no Porto, e Maria Rosário Ribeiro, em Oeiras. A partir das suas experiências, o episódio explora o que significa, na prática, construir pontes em ambientes interculturais.
Uma ponte construída no meio e não nas margens
Um dos primeiros pontos abordados no episódio é a desconstrução da ideia de que a pessoa mediadora apenas faz a tradução. Como explica Rosário Ribeiro, a mediação é uma “ponte que vai tentar se encontrar não nas suas margens, mas no meio”. Trata-se de criar um espaço comum de entendimento, onde as partes envolvidas se encontram em pé de igualdade. A função da pessoa mediadora, portanto, não é apenas verter palavras de um idioma para o outro, mas facilitar a comunicação para fortalecer a confiança e o respeito mútuo.
Inês Antunes complementa esta visão, destacando que o objetivo é capacitar e promover a autonomia. O trabalho da pessoa mediadora busca fornecer ferramentas para que estudantes e famílias possam, com o tempo, navegar o sistema escolar e a sociedade de forma mais independente e confiante.
As competências e a “caixa de ferramentas” da mediação linguística
Uma curiosidade que o episódio explora é: como a pessoa mediadora lida com múltiplos idiomas que, muitas vezes, ela própria não domina? As entrevistadas partilham a sua “caixa de ferramentas” prática, que vai desde o uso de tecnologia e do inglês como língua franca, até a mobilização de voluntários da própria comunidade para apoiar na comunicação.
No entanto, as ferramentas mais importantes não são tecnológicas, mas humanas. No podcast, Inês e Rosário destacam duas competências centrais:
Empatia: a capacidade de se colocar no lugar do outro e aceitar a diferença como ponto de partida para qualquer interação.
Curiosidade: um interesse genuíno em conhecer a cultura do outro, deixando de lado vieses e preconceitos para criar uma conexão real.
O impacto real da mediação linguística
Para ilustrar o alcance deste trabalho, o episódio traz relatos individuais e quotidianos, como a história de um jovem estudante introvertido que, por dificuldades de comunicação, corria o risco de ser encaminhado de forma inadequada para o ensino especial. A intervenção da mediação foi fundamental para que a escola compreendesse a sua verdadeira situação, alterando a sua trajetória educativa.
Além dos casos individuais, discutimos o impacto coletivo, como a realização de uma “escola de verão” que não só aproximou os estudantes da língua portuguesa, mas também envolveu as famílias, que relataram ouvir os filhos falarem português em casa com mais frequência e entusiasmo.
Um trabalho em rede e os desafios futuros
A mediação não acontece de forma isolada. Como detalhado no episódio, a pessoa mediadora atua em rede, articulando o seu trabalho com docentes, psicólogos escolares e assistentes sociais, garantindo um acolhimento completo a estudantes e famílias.
Apesar da sua importância crescente, a profissão ainda enfrenta desafios. Um dos pontos centrais da conversa é a necessidade de fomentar uma mudança de mentalidade em toda a comunidade escolar, para superar a visão de “nós e os outros” e abraçar a diversidade como algo que enriquece a todos.
Esta conversa é um convite à reflexão sobre o papel de cada um de nós na construção de espaços verdadeiramente inclusivos. Ouça o episódio completo de “Portugal Plural” na sua plataforma de podcast preferida e junte-se a nós nesta discussão fundamental.
No âmbito do projeto anual da RPCI, Intercultural Educators, financiado pelo Conselho da Europa (programa Intercultural Cities), as autarquias de Barcelos, Oeiras, Paranhos e Porto trabalham em conjunto para desenvolver uma abordagem intercultural e promover a sensibilização de staff municipal, docentes e estudantes para a importância do desenvolvimento de competências interculturais para a saúde das relações e dos ambientes educacionais..
Entre as ações previstas neste projeto, encontram-se três episódios de podcast: o primeiro sobre uma prática do Porto, o Clube da Interculturalidade; o segundo sobre a mediação linguística e, por fim, o terceiro sobre a experiência da REEI no desenvolvimento de competências interculturais.
Lançamos aqui o primeiro episódio: Como transformar as escolas em espaços de diálogo, cidadania e respeito mútuo? É possível criar ambientes onde a diversidade se torna parte da aprendizagem e não apenas um desafio a ser gerido? O novo episódio do podcast Portugal Plural apresenta uma experiência que se propõe responder a estas questões: o Clube da Interculturalidade, desenvolvido na Escola do Cerco, Porto.
Um espaço de encontro e diálogo
O Clube da Interculturalidade nasceu com a intenção de oferecer às crianças e jovens um espaço seguro de encontro, diálogo e aprendizagem. Mais do que uma atividade extracurricular, ele se organiza como um ambiente onde estudantes de diferentes origens e culturas podem partilhar experiências e construir coletivamente novos significados para a convivência escolar.
A professora Cristina Costa, entrevistada no episódio, acompanhou a turma que recebeu a proposta. Ela explica que o clube foi uma oportunidade de “desenvolver nas crianças algumas competências interculturais”, especialmente numa comunidade marcada por vulnerabilidades sociais e desafios de inclusão.
Estudantes são protagonistas
Um dos traços centrais do clube é o protagonismo dado às crianças e jovens estudantes. Em vez de propor temas previamente definidos, a escola lançou uma pergunta aberta: “O que vocês querem dizer aos demais adultos?”.
A resposta revelou uma preocupação clara: a violência. A partir desse ponto, todo o processo foi conduzido de forma democrática. Deu-se uma votação com boletins de voto, realizou-se a contagem e decidiu-se coletivamente qual dimensão da violência desejavam abordar.
Essa metodologia simples abriu caminho para um exercício concreto de cidadania ativa em que não apenas se refletiu sobre a realidade que cercava cada estudante, mas também permitiu dialogar, negociar e respeitar as escolhas do grupo.
A mediação intercultural como ferramenta
O episódio também traz a perspectiva de Bruno Prudêncio, mediador intercultural do município do Porto. Ele explica que o trabalho desenvolvido no clube esteve focado em promover a cidadania ativa e a interculturalidade de forma prática.
Segundo Bruno, a metodologia adotada — baseada em perguntas abertas, participação democrática e criação coletiva — permite que as crianças percebam que suas vozes têm valor e que podem intervir na realidade. Essa experiência, ainda que localizada, contribui para preparar os jovens para uma convivência mais justa e democrática.
Aprendizagens e possibilidades
O Clube da Interculturalidade demonstra que experiências de inclusão não precisam ser complexas para gerar impacto. Criar espaços de diálogo, ouvir as preocupações dos jovens e envolver os estudantes em processos de decisão são passos fundamentais para desenvolver competências interculturais.
A história do Clube da Interculturalidade foi trazida ao podcast Portugal Plural justamente por ser uma experiência inspiradora e relevante para pensar os desafios atuais da educação. Ao compartilhar essa experiência, o podcast procura ampliar o debate sobre estratégias que fortalecem a interculturalidade em contextos educativos, mostrando que há caminhos possíveis para tornar a escola um espaço mais inclusivo.
Para ouvir e acompanhar
A conversa com Cristina Costa e Bruno Prudêncio está disponível no novo episódio do Portugal Plural. O diálogo revela os bastidores, os desafios e as aprendizagens dessa prática, além de oferecer reflexões úteis para quem deseja replicar ideias semelhantes em outros contextos.
Para conhecer mais sobre o trabalho do mediador Bruno Prudêncio, acompanhe o perfil @espacotassociacao no Instagram.
E continue a seguir o Portugal Plural para conhecer outras histórias que mostram como a interculturalidade pode ser construída e fortalecida em diferentes espaços educativos.
Depois de uma formação em competências interculturais, que reuniu staff municipal e profissionais de ensino, o projeto Intercultural Educators abre as inscrições para um webinar destinado aprofissionais do ensino. Este webinar é promovido pela RPCI – Rede Portuguesa de Cidades Interculturais, numa parceria estreita com a Câmara Municipal de Barcelos, a Câmara Municipal de Oeiras, a JF de Paranhos e a Câmara Municipal do Porto. E conta com o apoio da REEI-Rede de Escolas para a Educação Intercultural e do Centro de Formação do Agrupamento de Escolas de Vila Nova de Famalicão.
O webinar decorrerá no dia 9 de outubro, entre as 15h e as 18h (hora de Portugal, GMT+1), em português, terá a duração de 3h e será dedicado aos cuidados a ter na criação e implementação de ações/projetos interculturais. O mesmo confere acreditação a profissionais de ensino.
Este encontro online será dedicado a conhecer atividades e projetos interculturais realizados em contexto educativo que promovem a gestão positiva da diversidade, fomentam as suas vantagens, encorajam interações interculturais positivas e visam a garantia da igualdade. Com este webinar, é esperado que profissionais do ensino tomem contacto com ações/projetos interculturais, aumentem a literacia no âmbito da interculturalidade, desenvolvam confiança na aplicação dos princípios interculturais na prática e sejam capazes de impulsionar ações/projetos interculturais sustentados e eficazes, que fomentem uma abordagem intercultural nas escolas. Nele iremos ouvir experiências práticas, recomendações e preocupações de docentes representantes de três escolas portuguesas: Agrupamento de Escolas Vale da Amoreira, Agrupamento de Escolas Marinha Grande Poente e Associação Pró-Infância Santo António de Lisboa [APISAL]. E, no final da sessão, haverá um momento dedicado à interação entre os participantes, para questões e partilhas.
Objetivos do webinar:
✅Partilhar práticas no âmbito da interculturalidade;
✅Desenvolver confiança na aplicação dos princípios interculturais na prática;
✅Impulsionar ações/projetos interculturais sustentados e eficazes, que fomentem uma abordagem intercultural nas escolas.
Tome nota na sua agenda e inscreva-se no formulário disponível aqui.
Uma vez realizado o registo, a RPCI irá enviar-lhe o link para ingressar.
📆 9 de outubro de 2025
🕰️ 15:00-18:00 (GMT+1)
📍online, na aplicação Teams
O Intercultural Educators (Educadores Interculturais) é o projeto anual da RPCI, financiado pelo Conselho da Europa (programa Intercultural Cities) abrangendo as 18 autarquias da rede nacional (RPCI). Barcelos, Oeiras, JF Paranhos e Porto fazem parte do consórcio de cidades envolvidas na gestão deste projeto. O objetivo é aprofundar o trabalho de promoção de iniciativas de conscientização intercultural em ambientes educacionais; fomentar a lente intercultural em ambientes educacionais, promovendo oportunidades de aprendizagem para staff das autarquias e profissionais de ensino; desenvolver a autorreflexão e conhecimento e, finalmente, cultivar competências interculturais.
As Narrativas dominantes são as narrativas mais amplamente disseminadas num determinado contexto, e moldam a forma como as pessoas pensam sobre um determinado assunto, como por exemplo a migração, influenciando diretamente as atitudes, crenças e decisões políticas.Foi isso que destacou o mais recente relatório do Joint Research Centre (JRC) da Comissão Europeia, publicado em junho, sobre o impacto das narrativas de migração nas perceções e políticas públicas. Este tipo de narrativas, quando possuem uma raiz desinformada e cariz negativo, se não forem contestadas ou desconstruídas, minam a coesão social e colocam em perigo a inclusão de pessoas de diversas origens na nossa sociedade, fomentando o conflito, a desconfiança e o ódio.
Segundo o guia “Designing a communication strategy in intercultural cities” produzido pela Rede Espanhola de Cidades Interculturais (RECI), com o apoio do Conselho da Europa, narrativas são uma forma de apresentar e interpretar acontecimentos ou realidades (existentes ou potenciais), com o objetivo de promover um ponto de vista ou abordagem particular baseada em valores e ideias específicas.
O relatório do JRC reforça que as narrativas podem omitir elementos que não se alinham com a visão dominante, contribuindo para uma confirmação de perceções distorcidas sobre temas complexos, como o da migração.
O movimento Contra o Discurso de Ódio alerta que as narrativas podem não ser evidentes, uma vez que, com frequência, não são mencionadas explicitamente, mas estão implícitas nas mensagens. Por isso, é urgente ter ferramentas para as identificar e analisar.
É precisamente com base neste entendimento que a RPCI tem desenvolvido o seu trabalho para transformar narrativas e promover a inclusão das comunidades migrantes.
No âmbito de políticas públicas, e a convite do município de Loures, a RPCI está a colaborar na implementação do Plano Municipal de Integração de Migrantes (PMIM) de Loures 2024-2027. Este plano promove a concretização do processo deintegração das pessoas migrantes na sociedade portuguesa, contribuindo para uma gestão mais eficaz e inclusiva dos fluxos migratórios, ao nível do desenvolvimento local.
Porque acreditamos que promover a integração passa também pela (re)construção de narrativas positivasque valorizem a diversidade e o contributo das comunidades para o desenvolvimento social, o nosso projeto STAND visa apoiar cidades na criação de narrativas alternativas.
Loures foi uma das quatro cidades envolvidas – juntamente com Barcelos, Vila Verde e Viseu – em momentos de diagnóstico participativo que permitiram identificar as principais narrativas opressoras locais.
Mas afinal, o que são narrativas alternativas e como podemos desconstruir as narrativas dominantes negativas que ainda dominam o discurso público? A RPCI mostra o caminho.
Como construir narrativas alternativas?
As narrativas alternativas surgem como uma uma resposta crítica às percepções negativas dominantes, focando-se em construir narrativas positivas, pluralistas ou progressistas baseadas nos princípios interculturais e no respeito pelos direitos humanos.
Alguns fatores que devemos ter em atenção quando desconstruimos narrativas são:
Adotar uma perspetiva anti-etnocentrista da história
Desconstruir narrativas opressoras exige ir à raiz dos problemas sociais, culturais e políticos, contextualizando a história das desigualdades para entender os mecanismos atuais de exclusão das comunidades migrantes e racializadas. Superar o etnocentrismo implica rejeitar a ideia de que existe uma cultura ou narrativa histórica superior, e dar lugar a múltiplas perspetivas.
A autora Chimamanda Adichie fala-nos do “perigo da história única”, argumentando que quando apenas uma narrativa é contada, criamos estereótipos e perceções limitadas. Ouvir e contar outras histórias é um passo essencial para combater o preconceito.
Abrir espaços às vozes periféricas
É urgente garantir que as próprias comunidades migrantes e racializadas falem sobre a sua própria história. A autora brasileira Djamila Ribeiro introduz o conceito de “lugar de fala” como o lugar social, económico, político e cultural a partir do qual alguém fala e que molda as suas experiências e vivências.
Reconhecer que determinados grupos sociais possuem experiências únicas de discriminação e que a maioria destas perspetivas continua a ser marginalizada nos espaços mainstream exige criar condições para que as suas vozes sejam ouvidas nos media, nas artes, na política e na educação.
Criar redes de resistência coletiva
A mudança narrativa e estrutural exige ação coletiva e não apenas individual. As narrativas ganham força quando nascem de redes, coletivos e movimentos, que articulam vozes, experiências e estratégias de ação.
Durante o processo de desconstrução de narrativas, é, ainda, essencial distinguir entre contra narrativas e narrativas alternativas. Apesar dos dois termos se focarem no combate a discursos discriminatórios baseados numa cultura de Direitos Humanos e de Democracia, apresentam abordagens distintas.
As contra narrativas fazem referências diretas à narrativa opressora, oferecendo contra-argumentos e factos. Já as narrativas alternativas tentam enfraquecer o discurso de ódio construindo uma nova narrativa com um enquadramento alternativo que apoie a mudança que se quer trazer à sociedade.
O movimento Contra o Discurso de Ódio realça que, na prática, a diferença entre os dois termos pode ser ténue mas uma contra narrativa é essencialmente reativa – ela reage a uma narrativa opressora, podendo, sem intenção, com a sua reação reforçar o que pretende desconstruir. Por sua vez, as Narrativas Alternativas contam novas histórias e diferentes perspectiva de forma proativa, de forma a gerar imagens e disseminar mensagens positivas sobre os diferentes grupos.
São necessários quatro passos para a construção de uma contra narrativa ou narrativa alternativa:
Analisar a narrativa opressiva que queremos combater.
Conceber a contranarrativa ou narrativa alternativa.
Implementar a contranarrativa ou narrativa alternativa.
Avaliar e monitorizar a contranarrativa ou narrativa alternativa.
Porque, na RPCI, acreditamos que este trabalho deve ser feito em rede, os próximos passos do projeto STAND passam por workshops de co-criação de narrativas em todas as cidades com as comunidades visadas, implementado metodologias participativas e de colaboração entre staff municipal, serviços públicos e as comunidades. Só assim poderemos construir um discurso mais plural, justo e centrado nos Direitos Humanos.
Antes disso, e após as ações de formação realizadas em Barcelos, Vila Verde e Viseu no mês de julho, foram realizadas ações com agentes locais em Loures, nos dias 2, 3 e 4 de setembro.
Imagem 1 – Formação em Loures (Turma 1)
Imagem 2 – Formação em Loures (Turma 2)
Acompanha-nos para saber mais sobre os próximos passos do projeto!